Peritos do Conselho da Europa aprovaram hoje a candidatura das Ilhas Desertas, território conhecido por ser o habitat da reserva de lobos-marinhos, no arquipélago da Madeira, ao Diploma Europeu para Áreas Protegidas.
Os peritos reconheceram a importância do trabalho desenvolvido na Reserva Natural das Ilhas Desertas há quase 26 anos. Na reunião de peritos do Diploma Europeu para as Áreas Protegidas, que decorre em Estrasburgo, foi anunciada a atribuição daquele galardão às Ilhas Desertas.
Em Portugal, a única reserva com esta distinção é a das ilhas Selvagens, também na Região Autónoma da Madeira.
A candidatura desta reserva natural foi apresentada em Novembro de 2011, pelo Parque Natural da Madeira (PNM), sendo um galardão atribuído por um prazo de cinco anos.
Presentemente existem 70 áreas protegidas na Europa, em território de 26 países diferentes.
Portugal passa a ter duas Áreas Protegidas reconhecidas pelo Conselho da Europa, ambas na Madeira. À Reserva Natural das Ilhas Selvagens, junta-se agora a Reserva Natural das Ilhas Desertas.
As Ilhas Desertas constituem um subarquipélago do arquipélago da Madeira, de origem vulcânica, situadas a sudeste da Ilha da Madeira. Constituem Reserva Natural classificada também como reserva biogenética pelo Conselho da Europa.
Fazem parte das Ilhas Desertas o Ilhéu Chão, a Deserta Grande e o Bugio.
Desde o século XIV, que estas ilhas já eram conhecidas por Desertas. Contudo só foram exploradas após as primeiras viagens de reconhecimento de João Gonçalves Zarco em 1420/1421.
Tentou-se ali estabelecer uma colónia portuguesa por diversas vezes, sempre sem qualquer sucesso, dadas as condições agrestes e a secura daquelas ilhas.
As ilhas foram propriedade privada de duas famílias inglesas da Madeira entre 1894 e 1971 (tal como foram as Ilhas Selvagens), tendo sido compradas então pelo Estado português e convertidas em reserva natural.
A Reserva Natural das Ilhas Desertas regista, em média, mais de três mil visitas por ano, e tem conseguido reunir várias distinções, entre as quais a classificação de ‘Reserva Biogenética’, galardão que foi também atribuído pelo Conselho da Europa.
O património natural da Madeira tem sido reconhecido no plano nacional e internacional e a mais recente distinção foi o ‘Prémio LIDE Preservar Mar 2013’ que distinguiu as “Áreas Marinhas Protegidas da Madeira”. Mas a Floresta Laurissilva é o expoente máximo protegido.
Nas ilhas Desertas, o mais conhecido projecto é o de protecção da colónia dos lobos-marinhos que permitiu, nos últimos anos, aumentar a população daquela espécie, considerada a foca mais rara do mundo e classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como em “Perigo Crítico”, não existindo mais do que 500 animais em todo o mundo.
Nas Ilhas Desertas, em 1988, existiam apenas entre seis a oito espécimes, tendo presentemente o PNM identificados entre 30 a 40 focas distribuídas pelas Ilhas Desertas e Ilha da Madeira.
Paulo Oliveira, director do Serviço do PNM está presente na reunião de hoje em Bruxelas.
O galardão agora reconhecido consolida a importância das Desertas enquanto pólo de atracção turística. O turismo de natureza é, na Madeira, cada vez mais um produto altamente diferenciador.
A Reserva Natural das Ilhas Desertas está já na rota dos principais operadores marítimo-turísticos da Madeira.