Sobre Lisboa, a jornalista diz que “tem sempre o mar no horizonte e uma luz branca incrível que a transforma na cidade mais bonita da Península Ibérica”. Não ficam por menos os elogios da repórter do site espanhol da Condé Nast Traveler, rendida sinceramente aos encantos de Portugal, este território do extremo ocidental da Europa, a que se juntam os arquipélagos dos Açores e da Madeira, dois destinos que também acrescentam valor na justa apreciação da jornalista.
Há, no nosso imaginário de povo com séculos de história, a ideia de que os outros povos peninsulares gostam pouco de nós. Uma ideia feita que está tão enraizada entre nós que existe um velho ditado popular a dizer ‘de Espanha, nem bom vento nem bom casamento’. Não soprarão do Leste ventos favoráveis, nem lá se combinarão os melhores enlaces, mas no que toca a reportagens a enaltecer as nossas virtudes enquanto destino turístico, as coisas são claramente muito diferentes, para melhor.
Uma Espanha de várias sensibilidades, onde por exemplo na Galiza o ensino do Português é acarinhado como acontece em muito poucos outros locais, e uma Espanha que convive aqui tão perto, no máximo a 90 minutos de avião, como aliás também é sublinhado neste trabalho sobre os encantos que os nossos vizinhos mais atentos descobrem na nossa oferta turística.
Registe-se que este trabalho tem o aval de uma das mais conhecidas e reconhecidas revistas de viagens do mundo, cujas informações não podem comprometer, com eventuais falhas de rigor ou parcialidades suspeitas, a confiança que foram adquirindo junto dos respectivos leitores.
Os vinhos de mesa e os do Porto e da Madeira ajudam, as mais de cem maneiras de cozinhar bacalhau também. Alguma doçaria tradicional também torna a reportagem mais doce, passe o pleonasmo, mas a viagem com que a jornalista Raquel Piñeiro revela Portugal também regista a excelência da Arquitectura portuguesa, onde o antigo e o moderno se cruzam.
O artigo também poderia ser útil para o público português. A jornalista descobre os encantos turísticos da Madeira e dos Açores, destinos de Natureza mundialmente reconhecidos, que muitos portugueses com hábito de viajar para fora ainda não conhecem.
Mas o que mais cativou a jornalista, de acordo com o testemunho que deixa aos seus leitores, é a natural simpatia dos portugueses relativamente aos estrangeiros que nos visitam, uma simpatia revelada num pequeno pormenor destacado na reportagem – a inclusão natural que se manifesta ao segundo ou terceiro encontro com a delicadeza do tratamento personalizado evidente, quando o estrangeiro é tratado pelo próprio nome.
É também importante estar atento ao olhar que os outros têm sobre nós e às razões que o tornam mais aberto.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente