El Pais, surgido em 1976, após a morte de Franco, disparou as vendas ligando-se aos que se opuseram ao golpe de 23 de Fevereiro de 1981 (Tejero), e depois apoiando o longo reinado de Felipe González (PSOE, no poder entre 1982-96). Com muitos lucros para o seu proprietário, Jesus Polanco, que enriqueceu cada vez mais com os contratos conseguidos pela sua editora Santillana, comprou a principal cadeia de rádios do Pais (a SER), lançou ali o Canal Plus de TV, e adquiriu o diário económico 5 Dias.
Dava-se ao luxo de apoiar uma linha do PSOE identificada com Felipe González, mas hostilizar outra, liderada pelo então poderoso Alfonso Guerra. E tinha um membro da direcção do PP.
Entretanto, ligado ao PP da mesma forma, apareceu um fenómeno chamado El Mundo, que se tornou rapidamente o segundo diário espanhol em audiências e vendas.
Mas eis que tudo se transtorna repentinamente. Zapatero, quando chegou ao Governo, não apreciou a relativa independência de El Pais, estimulou o aparecimento de um concorrente nunca bafejado pelas grandes audiências (O Público de Madrid, que teve também direito a um canal televisivo), e a empresa proprietária de El Pais, a Prisa (que detém em Portugal a TVI), entrou em decadência, estando agora maioritariamente em mãos americanas.
Por sua vez, o director histórico e fundador de El Mundo, acaba de ser substituído, ao que ele próprio afirma por interferência directa do Governo de Rajoy, e seguramente não apenas por incomodar a Casa Real com as suas notícias sobre a família Burbon.
Quase ao mesmo tempo, numa espécie de golpe de Estado, El Pais acaba de substituir o seu director, por outro que afirmam ser mais aberto às posições americanas e ao PP.
Isto de ser jornal politico tem que se lhe diga – e não é linear.