Luxo e Turismo fazem subir vendas do Freeport

O negócio do Freeport soma e segue. As vendas naquele que se afirma como o maior outlet da Europa, mas que esteve perto da falência em 2007, deverão chegar a 104 milhões de euros este ano.

“O ano fiscal, que terminará em Junho de 2014, está a correr-nos bem. Vamos ter um crescimento de 4% face às vendas do ano fiscal anterior [de 1 Julho de 2012 a 30 Junho de 2013]. É importante uma vez que nesse período tínhamos mantido o mesmo volume de negócios”, contabiliza o director-geral do Freeport, Nuno Oliveira, ao SOL.

“Estamos a acelerar o crescimento sobretudo a partir de Janeiro, o que tem a ver com as lojas da Armani, Guess, Nike ou Quicksilver, que abriram no último trimestre de 2013”, justifica.

Aliadas ao Natal e ao bom tempo – a chuva afasta visitantes de espaços comerciais a céu aberto como o Freeport – as novas lojas permitiram um acréscimo de 9% nas vendas, nos últimos três meses do ano passado. E a expectativa é que só a Nike, a Guess e a Armani juntas tenham um impacto financeiro de oito milhões de euros por ano.

Captar cada vez mais nomes sonantes da moda, com forte notoriedade internacional, tem sido a principal estratégia seguida no outlet do grupo Carlyle, com o objectivo de melhorar a oferta e motivar mais gastos dos clientes.

“A compra média tem aumentado mais do que o volume de visitantes, que ronda os quatro milhões por ano”, adianta Nuno Oliveira. “Esta conquista de vendas não surge por uma subida do número de visitantes, mas sim porque aumentou o gasto médio que estes fazem no Freeport”, explica.

Top: brasileiros e angolanos

Além das novas marcas de luxo, também a dinâmica no turismo e as visitas de estrangeiros, sobretudo de fora da União Europeia, é um contributo de peso. Actualmente, quem compra no outlet de Alcochete gasta em média 89 euros. Mais de 30% desembolsa acima de 100 euros, de acordo com questionários aos clientes. Já a compra média dos turistas extra-comunitários, calculada através dos dados de reembolso de impostos a estrangeiros (tax free) é de 190 euros. Brasileiros e angolanos lideram, mas os russos e os chineses têm vindo a ganhar posição.

“Acredito que não haverá em Portugal outro espaço comercial com uma dependência tão baixa do mercado local como o Freeport”, ressalva o director-geral. No total, as vendas geradas por turistas são superiores a 20%.

A iniciativa ‘Quintas-feiras loucas’, que desde Setembro anima a última quinta-feira do mês, também estimulou a actividade do outlet. Nestes dias, que oferecem descontos adicionais, o número de visitantes pode subir mais de 30%. Já a subida nas vendas pode ultrapassar os 200%, com a compra média a disparar entre 12% e 48%, consoante as marcas.

“Desde Setembro de 2013 que, de forma sustentada, se observa uma recuperação do consumo no retalho”, descreve o gestor.

Embora não divulgue que lucros terá o Freeport neste ano fiscal – ainda que diga que será “um contribuinte líquido para o Estado”, já que os custos “estão controlados” e as vendas sobem -, Nuno Oliveira tem boas perspectivas para o próximo exercício. “Estimamos chegar a Junho de 2015 com as vendas a crescer mais 4 a 5% face a Junho de 2014, para cerca de 108 milhões de euros. Se se confirmar, será o maior volume de vendas desde a abertura”.

Com 140 lojas e 98% de espaços ocupados, o outlet que esteve no centro do polémico ‘Caso Freeport’ inverteu a tendência de prejuízos em 2010.

ana.serafim@sol.pt