Hollande não percebe que para Direita se prefere a original

François Hollande devia ter sido mais cuidadoso a interpretar a sua derrota nas autárquicas francesas. O facto de a Direita e a Extrema Direita subirem eleitoralmente, não significa que todo o eleitorado queira politicas de Direita – mesmo assumindo alguma transferência directa de votos da esquerda para a extrema direita.

Se ele analisasse bem o que se tem passado no mundo, veria que a Direita prefere sempre partidos de Direita (os originais, digamos) a fazerem as suas politicas. E repararia que a esquerda, desiludida, prefere penalizar os seus partidos e ver a Direita assumir o poder, do que votar neles, como muitas vezes a direita faz, só por preferir que seja a esquerda a governar. A esquerda, nisso, vai mais atrás de valores. E assim devia ele interpretar o aumento imenso da abstenção nestas eleições em França.

Além disso, deveria lembrar-se de como os socialistas espanhóis preferiram deixar a direita de Rajoy chegar ao poder, do que continuarem a votar num Zapatero que lhe copiava as politicas.

Obama, só não perdeu as últimas eleições, porque o seu adversário, Mitt Romney, em vez de ter sido igual a si próprio e manter as posições de quando foi governador do Massachussetts, preferiu colar-se aos extremismos do Tea Party e assustou o eleitorado moderado do Centro. Também Sócrates só ganhou as eleições de 2009, porque a sua rival, Manuela Ferreira Leite, assustava o eleitorado centrista, lembrado das suas políticas nas Finanças, em tempos de Barroso. Não fora isso, e perderiam, como Hollande, se a Direita francesa não fizer asneiras de candidatos tão grosseiras, vai perder as próximas presidenciais ou legislativas.

O seu eleitorado não queria a viragem á direita que ele resolveu fazer. A popularidade de Valls não lhe vem da esquerda, mas da direita francesa. Hollande, que tem sido um mau político (que a direita mais inteligente deveria adorar), mas só vai perceber isso tarde de mais para ele.