Indeferido
Um rapaz de 14 anos teve a iniciativa invulgar de propor ao Governo norte-americano uma ideia para poupar cerca de 370 milhões de dólares por ano. Suvir Mirchandani quis saber se o tipo de letra usado nos documentos oficiais seria o mais económico. Para isso fez experiências e pesou as folhas impressas com outros tipos de letras para perceber se gastariam mais ou menos tinta. Concluiu que se o Estado usasse o tipo de letra Garamond em vez do oficial Times New Roman teria uma poupança substancial. Tudo isto é revelador de excelentes qualidades de Suvir Mirchandani. Não quero ser desmancha-prazeres, além de que me arrisco a receber hate mail dos Estados Unidos, mas diria no entanto que a poupança podia sair cara. Basta experimentar ler um documento escrito a Garamond para perceber que não é muito legível. A menos que o tamanho de letra seja 18, o que gasta bastante tinta. Não é por acaso que as coisas são como são, mas a intenção é de louvar.
O efeito Pinóquio
Dizemos que mais depressa se apanha uma mentiroso do que um coxo, mas não é verdade. Segundo um artigo informativo publicado no excelente site Psychology Today, todos os estudos apontam para a ineficácia dos seres humanos em detectar mentiras. A razão para esta incompetência natural pode estar no excesso de atenção a pormenores de comportamento que associamos a pessoas que mentem mas que podem ser preconceitos enganadores. Os investigadores concluíram que há uma maneira de reconhecer um mentiroso, que é através do número de palavras que utiliza. Quanto mais palavras usadas, maior a hipótese de se dar aquilo a que chamam ‘o efeito Pinóquio’. Interessante também é aqueles que mentem por omissão usarem frases mais curtas e menos palavras do que os que dizem a verdade. Ou seja, quem diz a verdade usa a quantidade adequada de palavras em estruturas não demasiado complexas. Nem demais, nem de menos, mas com clareza e no meio, onde está a virtude.
Tire os óculos
A propósito da Primavera e do aparecimento dos primeiros raios de sol depois de tanto tempo de chuva, Alice Robb escreveu na New Republic um artigo acerca da relação entre a generosidade e o uso de óculos de sol. Desde a década de 70 que o tema interessa aos investigadores que se têm desdobrado em estudos sobre a influência dos uso de óculos escuros e máscaras no comportamento. No primeiro estudo realizado na Universidade de Stanford, em 1971, uma equipa de 24 pessoas foi separada entre ‘guardas’ e ‘prisioneiros’ numa prisão a fingir. Passados seis dias os ‘guardas’ mostraram comportamentos sádicos com os ‘prisioneiros’. Os ‘guardas’ usavam óculos de sol espelhados. Não houve variações nas conclusões até ao estudo mais recente sobre o tema realizado na Universidade de Toronto, em 2010. Podemos concluir que, em geral, o ‘anonimato’ não convida ao bom comportamento e que a exposição envergonha. Este Verão, já sabe: tenha vergonha e seja solidário.
Corte Kim
Uma notícia recente da Coreia do Norte dá-nos conta de um decreto de Kim Jong Un que manda que os estudantes universitários, ou segundo outra fonte, toda a população masculina, adoptem o seu penteado. Se não fosse pelas outras notícias que nos falam da fome, da crueldade e do desrespeito pelos direitos individuais no país, até tinha graça. Li que antes deste decreto havia 18 cortes de cabelo autorizados para as senhoras e dez para os homens. Mas esta decisão é brutal, como diria o outro. Dizem as más-línguas que estiveram entretanto na Coreia do Norte que ainda não viram nenhuma diferença cabeleireira do anterior regime. Esperemos para ver um país cheio de Kim Jong Uns de todos os tamanhos e feitios. Altos, baixos, magros, gordos, se houver tanta variedade, de todos os estratos sociais, se houver mais de dois. Entretanto, recomendo a fotografia de Herman José na sua página de Facebook, em que adoptou o corte Kim com os resultados esperados.