Entre os cerca de trinta filmes que estarão em exibição, destaque para o filme mudo e inacabado de Orson Welles, ‘Too Much Johnson’, descoberto há dois anos nos arquivos do Festival de Cinema Mudo em Pordenone (Itália) – onde teve estreia mundial em Outubro passado – e que se julgava perdido num incêndio na casa do realizador, em Madrid. “O filme terá acompanhamento musical, baseado na partitura original da pelicula”, referiu Savio.
O festival terá cinco ante-estreias em Portugal, entre as quais “Salvo”, de Antonio Piazza e Fabio Grassadonia – premiado na Semana da Crítica do Festival de Cannes no ano passado -, “Viva la Libertà”, de Roberto Andò, e a estreia internacional de ‘Smetto quando voglio’, de Sidney Sibilia – sucesso de bilheteira no país de origem.
Este ciclo permite ainda ao público português recordar alguns dos (eternos) clássicos como ‘O Último tango em Paris’, de Bernardo Bertolucci – exibido num cine-jantar no Mercado de Santa Clara – e ‘As Mãos Sobre a Cidade’ de Francesco Rosi. O centenario do Nascimento de Mario Bava também será celebrado, com a mostra de varios filmes deste realizador.
O evento terá ainda filmes de autor e, pela primeira vez, terá uma mostra de cinema infantil, graças a uma parceria com o Giffoni Film Festival (um dos mais importantes festivais de cinema infantil da Europa).
Esta festa termina em grande com a recém-anunciado exibição da versão em 3D de ‘O Último Imperador’, de Bernardo Bertolucci, cujo restauro foi acompanhado pelo realizador e feito a partir da versão original de 1987.
Mas este festival não se centra apenas na sétima arte. António Tabucchi, o escritor que deu a conhecer Portugal aos italianos e que morreu em 2012, será homenageado com o documentário ‘Tristana e Tabucchi’ de Veronica Noseda e Marcello Togni, e com uma apresentação da sua obra póstuma “Para Isabel.”
A gastronomia italiana também estará em destaque através da Rota dos Sabores – Porções de Itália, um roteiro dos melhores restaurantes italianos, geladarias e garrafeiras da capital portuguesa e onde o público do festival poderá usufruir descontos.
Este ciclo de cinema conta já com sete anos de existência, com um público maioritariamente português e “apaixonado por cinema”: “Os portugueses identificam-se com o cinema italiano. Não é elitista, não é crítico, é um cinema que fala directamente às pessoas com histórias simples e personagens complexas”, define Stefano Savio.
Mas o director artístico destaca a dificuldade da realização do evento este ano: “Todos os anos nos questionamos se haverá festival mas este foi um ano complicado pela falta de apoios”.
A Festa do Cinema Italiano irá depois partir para outras cidades do país como Coimbra, Porto, Loulé e Funchal mas não fica por aqui. “Vamos também a Luanda e a Maputo. O festival para sobreviver tem de crescer, até porque nos estamos a tornar ‘distribuidores’ do cinema italiano”