Oliveira, por cada ano que passa, lembra-me sempre uma história que Eduardo Prado Coelho costumava contar. Era ele então director-geral da Cultura, aí pelos idos de 1974-75, e entra-lhe pelo gabinete dentro, bastante exaltado, o na altura ainda muito jovem cineasta António Pedro Vasconcelos, increpando Prado Coelho por o Governo não financiar um filme de Oliveira, já que estando este a caminho dos 70 anos, deveria terminar em breve a actividade profissional.
Parece que houve sensibilidade à argumentação, Oliveira conseguiu financiamento público, filmou, e não parou mais de o fazer. Está pronto para as curvas, e dá ares de poder enterrar todos os colegas mais novos – que vêem os seus financiamentos públicos muito minguados, por a maior parte ter de ir para os filmes que Oliveira vai fazendo num impressionante ritmo anual.