A campanha de Durão Barroso

O mais desagradável das últimas intervenções de Durão Barroso em Portugal, designadamente a conferência da Comissão Europeia que organizou na Gulbenkian, nem sequer é o tom exagerado de auto-elogios.

É verdade que é sempre feio ver uma pessoa auto-elogiar-se, mas muitos políticos vão tentando habituar-nos a isso. Também não tinha mal estar a lançar uma candidatura sua ao que quer que seja, como denunciaram Marques Mendes ou Jerónimo de Sousa (sem falar na alfinetada mais subtil (!) de Marcelo Rebelo de Sousa). E a reacção de uma porta-voz da CE, a negar intenções políticas à coisa, só soa afinal a confirmação.

O pior é a ideia que fica, dada por ele e pelo próprio Presidente da República (já desconto tudo o que Passos diga, como me habituei a descontar o que diz ou dizia Sócrates), de que a sua acção à frente da CE foi, não apenas normal (o que já seria preocupante), mas mesmo boa (o que é desesperante). Se assim é, e se não for possível voltar aos desígnios europeus de outros tempos, Deus nos livre desta UE e deste euro. E de mais Barrosos (que, pelos vistos, podem ser ainda piores).