“Os resultados de 2013 são bons e isso leva-nos a ter de olhar para um plano de investimentos um pouco mais agressivo. Há capacidade de gerar oportunidades tanto com capitais próprios como com condições financeiras de mercado, que são muito aliciantes”, explica o presidente do conselho de administração, António Trindade, em entrevista ao SOL.
No ano passado, a rede de dez hotéis – está também no Algarve – manteve a facturação nos 61 milhões de euros. E, apesar da desvalorização do real que penalizou as contas finais, a rentabilidade das unidades subiu. Só Portugal gerou 46 milhões de euros (+4%).
“Estamos a olhar para outras áreas geográficas, nomeadamente Barcelona”, avança Trindade. E detalha que a intenção é ter um 4 estrelas com 80 a 120 quartos. “Há oferta imobiliária em Barcelona interessante para requalificar. E é para essa que estamos a olhar”.
Em Novembro, no centro de Lisboa, deverá abrir o Porto Bay Liberdade, um 5 estrelas com 98 quartos, cujo investimento ainda não foi divulgado.
O objectivo do grupo é que estas duas unidades citadinas possam captar os brasileiros que já são clientes do Porto Bay e que viajam cada vez mais para a Europa. Alargar a presença no Brasil também faz parte dos planos, mas não para já. “Há necessidade de esperar para ver” como evoluem o real, os mega-eventos que o país vai ter e a contestação social, assume.
Já no Funchal, e assim que tenha luz verde da Câmara Municipal, o grupo vai investir cinco milhões de euros numa unidade com 28 suites junto a outro dos seus hotéis, o Cliff Bay. Além disso, António Trindade assegura que “têm aparecido propostas” para gerir hotéis que, devido à crise e a incumprimento, ficaram na mão dos bancos.
E transporte de passageiros?
Quanto a 2014, espera que seja “melhor do que 2013” até porque no Brasil o hotel no Rio de Janeiro vai ser o quartel-general da ADIDAS durante o Mundial. E, em Portugal, os primeiros três meses foram de crescimento.
Mas não deixa de criticar algumas opções do Governo quanto ao futuro do turismo no país. Aponta o dedo à política de transportes e aos recém-anunciados projectos prioritários, por privilegiarem as mercadorias em detrimento dos passageiros na alta velocidade e no sector aeroporturário. “Há aí incoerências grandes”, lamenta, sobretudo tendo em conta que o turismo é visto como prioritário pelo Executivo.
“A visão dos transportes em termos nacionais não tem a ver prioritariamente com o desenvolvimento das acessibilidades das pessoas, sobretudo dos turistas em Portugal. Barcelona está ligada a Paris por seis TGV por dia. Como é que se fala de competitividade de uma cidade e depois os passageiros não têm nada e as mercadorias têm tudo?”, argumenta. Para o gestor, não faz sentido que se pague mais por viajar por estrada do que de avião: “Porto-Faro pela Ryanair sai mais barato do que o custo das portagens. São incoerências que têm de ser vistas”.