Escola livre
Agora que o mundo percebeu que a maioria dos adolescentes vive ligada a uma máquina – seja o computador, o telemóvel ou o tablet – entrou em pânico e começou a proibir em todas as direcções, com medo das consequências sem as perceber. Uma lei na Carolina do Norte aprovada há um ano prevê penas de prisão e multas avultadas para os alunos que criarem perfis falsos e contas falsas para difamarem os professores. O ciber-bullying é punido a sério e os pais foram aconselhados a meterem-se na vida online dos filhos. O outro lado da moeda é a Primeira Emenda e a velhinha liberdade de expressão de que tantos estão dispostos a abdicar para terem uma vida silenciosa e tranquila. A revista The Atlantic pergunta o que se deve fazer quando uma crítica de um aluno é interpretada como uma tentativa de intimidação. Os alunos podem ajudar a tornar os seus métodos de actuação das escolas mais transparentes. Mas como sabê-lo, se não o podem dizer livremente?
MyMet
Deve haver uma razão para os sites dos museus portugueses serem em geral feios. Talvez à excepção do da Culturgest, menos pesado na sua página inicial, mais sóbrio, parece que os museus não estão interessados em comunicar online as exposições e os eventos que organizam. Se os compararmos a sites de museus estrangeiros, parece que estamos em mundos diferentes. Afinal para quê dizermos que lá fora é que é bom se não aproveitamos nem adaptamos nada do que por lá fazem? Por haver restrições orçamentais, algumas ideias não serão exequíveis, outras terão de esperar por dias de festivo mecenato, mas a verdade é hoje em dia não haver razões para os museus não terem sites atractivos para potenciais visitantes. Sugiro uma visita ao site do Metropolitan Museum de Nova Iorque que inaugurou uma secção chamada MyMet, que permite aos utilizadores “fazerem” as suas próprias galerias online, além de receberem as novidades, etc. Parece outro planeta mas não é.
Sobre arquivos
Há a ideia provavelmente verdadeira de que os jovens portugueses (e mesmo os adultos) sabem pouco da História do país. Como acontece quase sempre em Portugal, o lamento não conduz à acção. O máximo que temos são debates estéreis sobre este nunca menos que inaceitável estado de coisas. A descoberta de uma nova conta Twitter, desta vez do Telegraph, fez-me pensar na possibilidade de haver algo parecido em Portugal. A ideia foi pegar nos arquivos do jornal e fotografar notícias de há cem anos. Em 1914 aconteceram muitas coisas, entre as quais o início da Grande Guerra, por isso material não falta. Cada tweet vem acompanhado de uma imagem de uma notícia ou de um anúncio. Tenho aprendido bastante com as notícias britânicas da época. As redes sociais também têm este lado interessante e pedagógico de a montanha ir a Maomé. Mas claro que tem de haver alguém a dizer onde está a montanha. É também para isso que sirvo. Cliquem em ‘follow’ na conta @TeleArchive.
Líderes mundiais
Por falar em ex-presidentes na reforma, vale a pena contar a história que o recém-pintor George W. Bush revelou numa entrevista a propósito da sua exposição de retratos. Todos os retratados tiveram alguma relação com o ex-Presidente norte-americano. Um deles é Vladimir Putin. Quando esteve na Casa Branca, Bush apresentou o seu amado Barney, um scottish terrier, se não me engano, ao Presidente russo. O comentário de Putin foi: «Chamas a isso um cão, pá?». Meses depois, Bush foi de visita à Rússia e Putin fez questão de lhe apresentar o seu cão. Quando o chamou, o bicho apareceu a correr a toda velocidade. Era um cão enorme que imagino ser uma mistura de rottweiler com husky siberiano. Putin disse: «O meu cão é maior, mais forte e mais rápido do que o teu». Foi esta frase que inspirou o artista quando fez o retrato. Lembro que uma destas pessoas foi por duas vezes o homem mais poderoso do mundo e que o outro é ainda hoje o segundo mais poderoso.