Independentemente das divergências sobre esta ideia no Governo (ontem noticiava-se que o ministro da Economia a desmentiu), ela não é apenas moral, para procurar diminuir esses consumos nocivos – porque simultaneamente a ministra anunciou taxar as farmacêuticas, que fabricam coisas tão boas como os medicamentos. É certo que neste caso poderá estar apenas em causa uma ameaça, para as obrigar a negociarem melhores preços dos remédios, e aliviarem o orçamento do Serviço Nacional de Saúde.
De resto, tratando-se de taxas, e não impostos, estas receitas não podem ir para o Orçamento de Estado, mas parece-me possível dedicá-las ao Serviço Nacional de Saúde.
Sou sensível aos que argumentam a favor antes de campanhas públicas contra produtos nocivos, e aos que não querem o Estado a intrometer-se nas suas vidas e gostos particulares. Mas como é verdade que os consumos excessivos de açúcar e sal se reflectem no Serviço Nacional de Saúde, e eu defendo a manutenção deste serviço como Universal (primeiro, porque quem ganha mais, já deve pagar mais para ele nos seus impostos, e depois porque o nosso Estado nos habituou a considerar ricos pessoas que vivem com as maiores dificuldades ou no limiar da subsistência) – por isso também aceito taxas a ele destinadas. Prefiro pagar por serviços concretos, do que para as mordomias dos nossos políticos, a maioria das quais inexistentes noutros países, e que aqui eles descaradamente qualificam de custos da democracia (não notando nisto grandes diferenças, infelizmente, entre o PS e o PSD). Haverá outro pais democrático e ocidental em que os vice-presidentes do Parlamento tenham carro oficial? Ou em que os Gabinetes ministeriais sejam tão vastos, em concorrência com a Função Pública – muito mais mal paga do que esses Gabinetes?