Mas há, sempre houve aliás, alguns capitães do MFA que se julgam donos do 25 de Abril e investidos de poderes divinos especiais para julgarem a legitimidade política dos Governos e determinarem os destinos do país. É o caso de Vasco Lourenço e da Associação 25 de Abril, que funciona como uma espécie de clube privado ou de partido político ao serviço das suas diatribes.
Há dois anos, Vasco Lourenço e a Associação 25 de Abril decidiram deixar de ir às comemorações oficiais no Parlamento por os ministros do PSD e do CDS serem “governadores de um Estado ocupado” pela troika e “capatazes do capital financeiro ao qual estão vendidos”. Até o Bloco de Esquerda sente algum embaraço a usar este tipo de linguagem. Este ano, levaram o radicalismo ao ponto de exigirem discursar para se dignarem estar presentes.
O problema de Vasco Lourenço é não respeitar o valor essencial da democracia, que passa por aceitarmos que a decisão do voto livre e universal seja diferente do nosso voto e contrária ao nosso desejo. Vasco Lourenço não admite Governos de direita nem se conforma com as regras democráticas básicas.
Agora, vem dizer que é “um grande adepto de conjugar a democracia representativa com a democracia directa das organizações de base”. É o regresso às teses basistas do ‘poder popular’ de Otelo em 1974 e 1975. Sabe-se bem no que isso deu.
Vasco Lourenço diz que tem “resistido” à hipótese de uma “candidatura a Presidente da República”. Ora aí está uma boa ideia. Em vez deste simulacro de chavismo à portuguesa, candidate-se a Belém. Vá a votos. E não se esqueça de respeitar o voto dos outros.