Sol & Sombra

A semana vista por José António Lima.

SOL

M.ª Luís Albuquerque

A ministra das Finanças continua a receber boas notícias, da descida sustentada dos juros às avaliações do rating português ou aos relatórios da execução orçamental. E revelou eficácia ao determinar, em reuniões bilaterais nas Finanças com os outros ministérios e sem ruído mediático, os cortes que caberão a cada um nos 1.400 milhões de redução da despesa que constam do DEO. Ao mesmo tempo, a ministra continua a ser exemplar na comunicação das medidas ao país: simples, directa e sem a frieza tecnocrática do seu antecessor. Tornou-se um trunfo importante para Passos Coelho e para o Governo.

Assunção Esteves

Tem uma elevada propensão para cometer gafes e fazer intervenções desastradas quando é obrigada a pronunciar-se a quente, em cima dos acontecimentos ou das polémicas. Como foi agora o caso do ‘problema deles’ que quase a fez perder a razão que tinha no diferendo com Vasco Lourenço, que exigia falar à força (com que legitimidade?) nas cerimónias do 25 de Abril no Parlamento. Mas, não cedendo ao populismo abrilista de Vasco Lourenço, fez bem ao pedir para ser recebida ontem na Associação 25 de Abril – num gesto de ‘afecto’, como lhe chamou, e de gratidão pela liberdade e a democracia que o país deve aos capitães de Abril.

SOMBRA

Passos Coelho

Sujeitou-se a uma entrevista televisiva que sabia, à partida, que seria desgastante nos temas abordados (cortes, pensões, CES, redução de salários, rescisões, etc.) e para os quais, ainda por cima, não tinha respostas cabais e esclarecedoras (só no fim do mês algumas, só depois das eleições outras…). Qual, então, a utilidade política desta exposição a destempo e inconclusiva? Mostrar que continua convicto e determinado a cumprir o seu mandato? É pouco…

Paulo Portas

Se há tema em relação ao qual o vice-primeiro-ministro deveria ter algum pudor político e rodear-se do máximo de cuidados, esse tema é o da reforma do Estado. A qual andou a adiar sucessivamente e que já ninguém leva a sério. Esta semana decidiu tirá-la da gaveta para umas reuniões de circunstância e vazias de significado. A sua reforma do Estado tornou-se uma rábula política que só serve para o menorizar.