Por incrível que pareça, não há muitos livros de fotografia editados sobre o 25 de Abril de 1974. Ao contrário do que diz o adágio popular, uma imagem não valerá mais que mil palavras mas valerá tanto quanto elas. Um dos poucos livros de fotografia editados sobre a revolução acaba de chegar às livrarias. E junta palavras às imagens.
Os Rapazes dos Tanques (Porto Editora), do fotojornalista Alfredo Cunha e do jornalista Adelino Gomes, conta e mostra, em primeira mão, o que aconteceu no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo no dia 25 de Abril de 1974. Dando voz aos militares das unidades de Cavalaria que naquele dia estiveram frente a frente, em lados opostos das ‘barricadas’, o livro mostra que estes, desobedecendo às ordens do brigadeiro comandante das forças fiéis ao regime, acabaram por não disparar graças sobretudo a um homem: José Alves Costa, que os jornalistas aqui entrevistam, lembrando que aquela que ficou conhecida como revolução sem sangue poderia ter tido um desfecho bem diferente.
No meio dos cerca de cinco mil militares anónimos que fizeram a revolução – e que aqui são retirados das sombras -, destaca-se o rosto de Salgueiro Maia, a quem Alfredo Cunha e Adelino Gomes dedicam este livro, personificando o heroísmo da data.
Sempre com um olhar sereno, mas determinado, foi um líder incontestado das tropas que, nesse dia, ocuparam o Terreiro do Paço, símbolo do poder imperial do Estado Novo. Dali seguiram para o Largo do Carmo, exigindo a rendição de Marcelo Caetano. E foi aqui que a população de Lisboa se reuniu com os militares, contrariando as ordens de recolher.
A liberdade tomou conta das ruas da cidade e os tanques foram ‘tomados de assalto’ pelos populares, que os cobriram de cravos. Enterraram-se assim os mais de 40 anos de Salazarismo.