‘O Patriarca tem as tentações de qualquer ser humano’

D. Manuel Clemente decidiu ser padre aos «oito ou nove anos», quando era menino do coro. Hoje continua a ir regularmente à casa de família em Torres Vedras, onde vivem as irmãs. Há cerca de um ano foi nomeado Patriarca de Lisboa, ocupando a cadeira de D. José Policarpo, de quem diz sentir muita falta.…

Vamos recuar aos tempos em que rincava na conhecida Praça da Batata, em Torres Vedras. Que imagens marcantes guarda da sua infância?

A Praça da Batata não se chama oficialmente assim, mas é como nós lhe chamávamos porque tinha havido ali em tempos um mercado de batatas. Jogávamos à bola, fazíamos as nossas brincadeiras e tudo aquilo que era próprio das crianças – pelo menos das crianças de há 66 anos [risos]. Esse foi até aos meus seis anos o espaço habitual. Depois dos seis anos, o espaço alargou-se, mas também não muito. Sempre na minha terra, na igreja onde era a minha catequese e as celebrações religiosas, e na escola primária. Até aos nove, dez anos foi tudo muito integrado, havia muito acolhimento, muita proximidade com as pessoas. Toda a gente tinha nome, toda a gente tinha referências, toda a gente olhava para toda a gente.

Como era o seu ambiente familiar?

O meu pai era um industrial de moagem. A vida dele era entre a casa, a fábrica e o café. Portanto, todos nós estávamos ali com muita proximidade. A minha mãe também era muito hospitaleira. Toda a miudagem que brincava na praça também brincava lá em casa. A nota mais forte é a da integração – não eram sítios de passagem, eram sítios onde estávamos, onde crescíamos em conjunto, onde conhecíamos os mais velhos.

Disse à sua mãe em pequeno que queria ser padre e ela respondeu-lhe: ‘Vais primeiro estudar, depois logo se vê’. Como despontou essa vocação?

Eu colaborava muito na paróquia – chamavam-se os meninos do coro – e estava muito perto do meu pároco, um santo varão. O Padre Joaquim Maria de Sousa era muito marcante pela sua bondade e proximidade… Lembro-me como se fosse hoje: devia ter oito, nove anos e tinha acabado de ajudar à missa na sacristia da igreja de São Pedro, em Torres Vedras. O Padre Joaquim estava a desparamentar-se, lembro-me de olhar para ele e pensar: ‘Quero ser como o Padre Joaquim’. Julgo que a maior parte das vocações vem, como a minha, por identificação.

É possível os jovens de hoje identificarem-se com os padres da mesma maneira que se identificou com o seu pároco?

Julgo que sim. Estive muitos anos em formação sacerdotal e por isso conheço dezenas de vocações sacerdotais – como outras na Igreja – e reparo que o que marcou tanto rapazes como raparigas foi o encontro com alguém que os convenceu na prática: ‘Olha que vida bonita, por que não hei-de seguir isto?’.

Os padres têm uma responsabilidade acrescida por serem uma referência?

Não tenho dúvidas. Eles estão muito na ribalta nas comunidades cristãs. É uma responsabilidade acrescidíssima.

Como olha para os casos de pedofilia na Igreja?

Olho com muita pena… tem de se ver realmente o que se passou e dar o seguimento que as coisas têm que ter, quer do ponto de vista da sociedade quer do ponto de vista da Igreja. Com certeza gosto muito mais que haja bons exemplos. Graças a Deus são em muito maior número.

Embora o Papa Francisco tenha pedido perdão há dias, normalmente a Igreja é muito defensiva nestes casos de pedofilia. Porquê?

Não julgo que seja nem mais nem menos defensiva do que outras instituições. Cautelosa é… Alegar isto ou alegar aquilo, seja de quem for, requer verificação, porque não nos podemos antecipar àquilo que compete à justiça investigar e dar prosseguimento. Às vezes, as coisas surgem e dá-se logo por resolvido um caso que não está. Portanto, temos de ter calma.

Esses casos implicam que haja uma selecção mais criteriosa de quem entra nos seminários?

Com certeza. Julgo que qualquer diocese e qualquer seminário têm sempre em conta as normas de Roma, que são cada vez mais exigentes nesse ponto. Hoje em dia, as pessoas estão mais fragilizadas, são deixadas a si próprias – porventura, mais do que noutros tempos. Por isso têm de ser mais acompanhadas, quer durante a fase de formação, quer depois durante a vida inteira.

Os seus familiares e amigos conheceram-lhe três namoradas. Em que momento percebeu que o seu caminho não passaria pelo sacramento do matrimónio mas pelo sacerdócio?

Aconteceu de uma maneira muito natural, porque tive sempre muito envolvimento eclesial, não só nesses tempos na catequese, na liturgia, mas também durante toda a adolescência e juventude. E a pouco e pouco, esse envolvimento que eu mantinha nas actividades de Igreja acabou por ocupar aquilo a que, em termos mais íntimos, podemos chamar coração e consciência. Propósitos, planos, ideais, tudo acabou por ser canalizado para este tipo de actividades e reparei: ‘Olha, não se abre o coração para mais nada’. Entrei no seminário com 25 anos. Tive muito tempo para ir amadurecendo isto e acabou por prevalecer esta disposição para as actividades de apostolado da Igreja.

Viveu certamente algumas crises de vocação…

Em qualquer vocação e caminho que se segue na vida, seja religioso ou outro, há uma retomada constante dos propósitos em face dos problemas e situações que sucedem. Julgo que a fidelidade não é uma realidade estática, é um compromisso que se toma e retoma, que se aprofunda e que também vai ganhando com este fluxo e refluxo.

Que crises viveu e pode partilhar connosco?

O que a Igreja me foi pedindo sucessivamente não era sempre aquilo por onde o coração pegava. Lembro que, no tempo do Cardeal Ribeiro, várias vezes lhe pedi: ‘Sr. Patriarca, já estou há cinco, dez, quinze anos como formador no seminário. Dê-me uma paróquia, dê-me duas, dê-me três…’. Às vezes perguntamos: ‘É isto mesmo? Não devia ser doutra maneira?’, mas, uma vez ultrapassado, isso ajuda-nos a sermos mais fiéis. Portanto, a fidelidade vai-se garantindo com o exercício.

Qual é o voto mais difícil de cumprir?

Julgo que o mais importante é o da obediência. A obediência, no seu sentido verdadeiro, requer não o acatamento exterior, mas o acolhimento interior que nos é pedido – e isso muitas vezes contraria os nossos propósitos, os nossos projectos, as nossas propensões…

Que tentações é que tem o Patriarca de Lisboa?

As tentações de qualquer ser humano. Coisas mais para dentro de mim próprio: ‘Agora não me apetecia nada, apetecia-me antes aquilo’; ‘agora vem mais este problema, é melhor passar isto para o lado, fica para depois…’. São as tentações do dia-a-dia – tem tudo a ver com obediência.

E enquanto jovem, que tentações viveu?

Tenho uma vida tão linear…

Como é essa vida linear do Patriarca?

Acordo, cumpro o que está na agenda… Tento responder o melhor que posso àquilo que está na agenda e nunca deixar de ter uma atenção espiritual grande – disponibilidade para a oração. Há muitos e muitos anos ganhei isso em casa com a minha mãe.

Como?

Desde miúdo, e apesar de ser traquinas e mexido, tive sempre um certo gosto para estar por dentro das coisas, a pensar, a matutar, a ouvir música, a ler. A vida intelectual e a vida interior aguentam a pessoa. Quando as coisas exteriores abalam, mantém-se um caminho forte e consolidado.

É uma vida espiritual bem consolidada que faz com que não se ‘pule a cerca’?

Que faz gostar destas coisas de Deus, de Cristo e do Evangelho, porque há aqui um misto de gostar e de custar, mas o gostar tem de prevalecer em relação ao custar. Mesmo que custe, gosta [risos]. E isso é uma graça da parte de Deus, com certeza; mas é um treino.

O que é mais difícil na vida de Patriarca?

É esse custar/gostar. Às vezes, a gente não está com muita disposição… Qualquer bispo tem hoje na sua secretária e na sua caixa de mensagens o mundo inteiro constantemente a solicitar para isto e para aquilo. Às vezes custa porque estamos cansados. ‘Não gosto nada, mas tenho de ir’. As semanas pegam-se às semanas, os meses aos meses, os anos aos anos e, às vezes, estamos cansados.

Disse que gosta de ler desde miúdo. Que tipo de livros lê?

Os temas históricos são os da minha predilecção. Agora estou a reler muita coisa que tem a ver com a Igreja em Portugal antes do 25 de Abril. Já estou contratado para falar em vários sítios sobre a situação da Igreja nessa altura. Estou a ler coisas de D. António Ferreira Gomes, Cardeal Cerejeira…

E que outras coisas gosta de fazer nos tempos livres?

Eu tenho tantas encomendas que descanso de umas coisas fazendo outras.

Não vai ao cinema, por exemplo?

Vou ao cinema com os meus colegas de curso de Teologia três vezes por ano, em Outubro, Março e Junho.

Lembra-se de qual foi o último filme que viu?

Do último gostei muito, era sobre a recuperação de obras de arte que os nazis tinham escondido durante a II Guerra Mundial [Caçadores de Tesouros, de George Clooney].

À segunda-feira ainda vai a Torres Vedras para a casa de família onde estão as suas duas irmãs?

Sempre que posso, mas é também nesse dia que aproveito, em geral, para fazer muitas coisas do tipo literário e escrito para as quais durante a semana não tenho tempo. De maneira que às vezes são dias inteiros sentado à secretária.

Continua a ter o hábito de passear a pé por Torres Vedras à noite?

Estou cada vez mais friorento [risos] – e tenho pena. Eu era escuteiro, fiz tantos acampamentos e actividades em pleno Inverno debaixo de chuva. Hoje se não tiver uma temperatura amena, já tenho dificuldades.

E ainda é sócio do clube de futebol da sua terra, o Torreense?

Sou sócio e com quotas pagas!

Está a aproximar-se o Domingo de Páscoa. Nesta Quaresma sujeitou-se a privações?

Devo dizer que não é tanto uma questão de me privar, porque sou bastante frugal e sóbrio nos meus gastos, nas minhas diversões, até porque não tenho tempo. Escolho em cada Quaresma um ponto em que preciso de melhorar. As três práticas tradicionais quaresmais são a oração, o jejum e a caridade. Nesta Quaresma foi mais o reforçar a minha vida interior, aqueles momentos para estar com Deus, menos distraído. Sei que a minha vida dá azo a muitas distracções.

Partilhe uma situação em concreto.

Por exemplo, em vez de estar a ouvir música ou passar um tempinho a ver um programa, não estar – ficar em silêncio. Coisas deste género.

E que tipo de música aprecia?

Gosto de música que transmita sentimentos que eu procuro que sejam os meus. Gosto muito de compositores como Bach e Bruckner; dos recentes, Arvo Pärt, que trabalha magnificamente a temática religiosa.

Foi bispo auxiliar de Lisboa. Foi para o Porto e voltou no ano passado. Já tomou a pulsação à sua diocese?

Vou tomando. O pulso não está fraco, agora temos de tratar do estado geral do doente [risos].

E qual é o diagnóstico?

Acho que hoje o principal problema é a crise do compromisso e da comunidade, ou seja, como é que nós nos havemos de aproximar mais uns dos outros, ter vidas mais acompanhadas, até para servirmos nas comunidades cristãs de estímulo para a sociedade em geral. A minha prioridade é reforçar os compromissos comunitários.

Na sua homilia inaugural em Lisboa, falou em fomentar «centros de acolhimento e missão». Isso não é fácil numa diocese como Lisboa…

Somos um quarto da população residente em Portugal. A questão comunitária põe-se nas dioceses do Interior por escassez de população – para fazer comunidade é preciso pessoas. Aqui, nas dioceses do Litoral, também se põe porque constantemente chegam pessoas que não se integram bem nem social nem eclesialmente.

Mas como se faz isso em Lisboa?

Essa é que é a pergunta. Vamos ensaiando formas. Nós hoje temos uma paróquia de 15 mil, 25 mil, 50 mil e até mais habitantes. Como é que se faz comunidade com tanta gente? É complexo… Subdividir essas comunidades, vulgo paróquias, em pequenas comunidades, em que as pessoas se sintam mais próximas.

Outro problema complexo é o facto de não estarmos a receber imigrantes para compensar a baixa taxa de natalidade em Portugal. O que tem de fazer o país para que nasçam mais crianças?

Tem de considerar a família uma prioridade. Isto significa que, do ponto de vista económico, político e administrativo, se tenha em linha de conta que aquele homem e aquela mulher que é empresário ou empresária, funcionário ou funcionária, tem família, filhos… É preciso ter uma concepção familiar da sociedade em qualquer planeamento que se faça. E isso é completamente diferente de ter uma visão atomizada da sociedade, como se fôssemos seres em abstracto e individuais sem conexão. É preciso que haja mais consideração familiar na sociedade, se quisermos resolver o problema.

Quarenta anos depois do 25 de Abril, está satisfeito com esta democracia?

Nunca estou suficientemente e quando estivermos é mau sinal. A democracia exige uma participação responsável constante de eleitos e eleitores, uma vida cívica empenhada e constante, uma informação constante e aprofundada sobre os problemas e isto nunca se faz indo às urnas de quatro em quatro anos – faz-se nesses momentos e no dia-a-dia.

Sendo um homem também formado em História, já conseguiu compreender os portugueses, aquele povo que, como dizia um general romano, «não se governa nem se deixa governar»? Um povo que saltita de crise em crise e acaba por não resolver os seus problemas estruturais?

Aquilo que eu mais admiro nos portugueses não são tanto os seus triunfos, mas a sua capacidade de permanecer sem triunfar. Agora chama-se a isso resiliência. É a resistência anímica, a capacidade de persistir. Se não vai de uma maneira vai de outra; não se ganha agora, ganha-se amanhã; perdeu-se, mas depois recupera-se… Isto é que é a consistência de Portugal, isto é que faz de Portugal um sempre-em-pé.

Como olha para o momento que o país está a viver?

Com uma grande preocupação e com um grande compromisso. Não são só os jovens que não conseguem a realização profissional, são talvez ainda mais aqueles que estão a meio da sua vida e que eu não sei se conseguirão voltar ao mercado profissional, ou por falta de habilitações ou por falta de oferta. E aqueles com mais de 65, 70 anos que, felizmente, graças às melhorias que houve no campo da saúde e na higiene, ficaram mais tempo – como vão preencher esse tempo? Quando falamos em qualidade de vida, estamos sobretudo a falar em qualificação da vida e isto para mim, independentemente de se resolver mais ou menos depressa os aspectos financeiros e que certamente demorarão, preocupa-me muito. Mais do que uma resposta episódica, temos de encontrar uma resposta global.

Que resposta está ser dada pela Igreja?

Mais de 70 por cento das Instituições Particulares de Solidariedade Social [IPSS] são católicas. Isso significa o envolvimento diário de dezenas de milhares de católicos em todas essas frentes e muito disso na rede paroquial, envolvendo párocos que, para além de todas as outras actividades litúrgicas e pastorais, também têm estas porque alguém precisa de o fazer. Essa é uma resposta. Mas há também uma resposta como aquela que o Papa Francisco está a dar e que eu pela minha parte sigo muito convictamente: temos de encontrar uma outra proximidade e uma outra qualificação na vida das pessoas. Temos de perceber que o desenvolvimento humano é mais qualitativo do que quantitativo. Tudo isto diz respeito à formação e, utilizando uma palavra mais nossa, evangelização. Portanto, uma perspectiva evangélica da vida à luz de Jesus Cristo, mas é um mundo por descobrir. A Igreja está como todos os outros – em caminho…

A ideia que muitos têm é que a Igreja dá uma resposta de esmola, assistencialista, episódica.

O problema é que hoje em dia estamos numa sociedade cheia de episódios – episódios de carência, episódios de necessidade – e a primeira coisa que é preciso fazer é responder ao problema directo das pessoas. O Papa Bento XVI há nove anos escreveu a encíclica Deus Caritas Est (Deus é Caridade) e diz que a caridade ou solidariedade cristã tem três características: em primeiro lugar é imediata, ou seja, se a pessoa tem fome não se vai fazer um discurso; a segunda é ser independente: não está integrada numa ideologia; e a terceira é ser gratuita, vale por si. Quando se pratica a caridade não é para se fazer proselitismo, para mostrar que somos melhores que os outros – vale por si. Há muitas pessoas que me perguntam porque é que a Igreja não mostra o que faz, que não faziam ideia que se fazia tanta coisa – não faziam ideia nem deviam saber.

Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita.

Exactamente. Somos discípulos de um tal Jesus de Nazaré que disse: não saiba a mão esquerda o que faz a direita. Estas coisas não se fazem para ser vistas.

Sente-se inspirado pelo Papa Francisco?

Muito, muitíssimo. O Papa Francisco trouxe para o centro do catolicismo uma presença efectiva oportuna nas diversas frentes, quer com os operários da Sardenha quer com os refugiados de Lampedusa, com as alusões que faz semanalmente aos doentes… Ele trouxe uma preocupação profundamente evangélica. Por tudo isso é que ele chama as periferias, que é a apetência essencial de Cristo. Cristo não aparece no centro do Império Romano, não se passeia pelo fórum de Roma, aparece numa província, talvez a mais recôndita de todas, como era a Judeia dos romanos – isto é o estilo cristão.

Esse estilo cristão estava adormecido?

Estava… estava muito europeu, talvez.

O que quer dizer com estilo europeu?

Talvez uma Europa mais dentro de si própria com um certo tipo de problemas de género intelectual ou intelectualizado… Muitas vezes não vai à prática nem à presença imediata. A América Latina não é assim. Só estive no Brasil mas por aquilo que conheço dela é tudo imediato, tem de se reflectir na acção, não é a estes resguardos a que estamos habituados na Europa – e isso é muito bom.

Que revolução é esta que o Papa está a fazer na Igreja?

A palavra revolução veio da linguagem astronómica, era a volta que os astros davam até chegarem ao sítio de onde tinham partido – é isso que ele faz. Com esta constante volta ao Evangelho por palavras, obras e atitudes, a Igreja recomeça. Mas esse também é o sentido da reforma, porque a palavra reforma na tradição cristã bíblica toma a forma do princípio. É revolucionário e reformista, no sentido de voltar ao princípio, de retomar a forma do Evangelho e eu acho que o Papa Francisco é muitíssimo convincente e estimulante.

Uma última questão: quando está a sós com Deus, o que Lhe costuma pedir?

Cada vez mais não peço, entrego-me [silêncio]. É aquilo que popularmente se diz e bem: seja o que Deus quiser.

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