“Comprometemo-nos com o Governo que, havendo algo, avaliaríamos se encaixava no nosso modelo de negócio. Mas a nossa preferência é voar para aeroportos principais”, frisa o director da Easyjet Portugal, Javier Gandara, em entrevista ao SOL. “Se se decidir que haverá um aeroporto secundário para as low cost, provavelmente decidiremos continuar na Portela. É o que os nossos passageiros preferem”, argumenta.
Para já, a intenção do Governo e da Vinci, dona da ANA, é optimizar até ao limite a exploração da actual infra-estrutura na Portela. Mas, também neste processo, o responsável da low cost britânica – cuja única base em Portugal está instalada em Lisboa – deixa alertas.
“Temos dito à ANA e à Vinci que num aeroporto com capacidade limitada como o de Lisboa, os operadores mais eficientes deviam ter incentivos para crescer. É mais eficiente receber um operador que só está 30 minutos em terra e tem 85% a 90% de ocupação no avião, como a Easyjet, do que um que está uma hora e tem 50% ou 60%”, sustenta.
Acrescenta também que as transportadoras que estão no terminal 2 da Portela deviam pagar menos taxas do que as que estão no terminal 1, “que é mais luxuoso, tem mais lojas”.
As taxas aeroportuárias cobradas pela ANA às companhias aéreas em Lisboa voltam a ser criticadas pelo director-geral da Easyjet. “Como subiram três vezes nos últimos 12 meses, limitámos o crescimento em Lisboa e focámo-nos mais em Faro e Funchal. Em 2014 prevemos crescer em Portugal entre 1% a 2% em passageiros e a maior fatia virá daí”, avança, afirmando que a rentabilidade de Lisboa “se ressentiu”.
Por isso, a transportadora britânica reviu a sua oferta na capital, refreou o lançamento de rotas em 2014, optou por não reforçar ligações e fechar as menos rentáveis como Valência, Bilbau, Astúrias, Roma e Copenhaga. Únicas novidades em Lisboa: Luxemburgo e Nice e mais frequências para Londres.
Concorrência é bem-vinda
Em 2013, a Easyjet teve uma subida de 1,2% nos passageiros transportados de e para Lisboa face a 2012, chegando a 1,8 milhões. É a segunda companhia que mais tráfego gera na Portela e realizou cerca de 13 mil voos de e para a cidade. “Este ano esperamos manter o número de voos e de passageiros”, antecipa o director, que vê como “bem-vinda” a concorrência da irlandesa Ryanair, cuja base na Portela acaba de abrir. “Em Lisboa, o nosso principal concorrente continua a ser a TAP e não a Ryanair. Só temos duas rotas coincidentes, Londres e Paris, e o nosso modelo de negócio é diferente. Temos ambas tarifas baixas, mas nós voamos para aeroportos principais”, compara. “Não buscamos o crescimento por si. Procuramos crescimento rentável”.
Ainda assim, sobre a base em Lisboa, que completou o segundo ano de actividade a 19 de Abril, Javier Gandara faz um balanço positivo. “Cumprimos os objectivos”, passando de dois para quatro aviões baseados e de 80 para 140 funcionários.
Operando também no Porto, Faro e Funchal, a Easyjet movimentou quatro milhões de passageiros, mais 1,6% do que em 2012. “Estamos a crescer menos em Portugal do que no resto da rede, que está com crescimento médio entre 4% e 5%” por ano, contabiliza o director-geral. E justifica com a crise – que ainda assim, trouxe um mercado novo já que pôs os empresários a voar em low cost – e com a subida dos custos de operação devido ao aumento das taxas. Mesmo assim, assegura que a facturação média “se manteve em linha com o resto da rede”.