Claro que isso é uma posição. Mas não é a minha posição. Eu defendo que as evoluções tecnológicas devem beneficiar todos, inclusivamente os trabalhadores, e os mais desfavorecidos. Nem que para isso seja necessário renegociar a actividade da OMC (Organização Mundial do Comércio) e regulamentar a globalização. Tratando de forma diferente, por exemplo, a comercialização internacional entre Estados com politicas sociais avançadas e países com economias baseadas na escravatura laboral – tendo ainda em conta as situações intermédias.
Na altura da Uruguay Round, em que se enfrentou um primeiro movimento da globalização na OMC, chegou a haver quem defendesse isto, mesmo em Portugal, dentro do Executivo de Cavaco Silva, que na altura governava. Mas o mundo estava sujeito a uma onda liberal (vinda de Thatcher e Reagan), e os americanos impuseram uma liberalização geral e desregulamentada, que na altura lhes parecia favorecerem-nos. Hoje, suponho que os próprios americanos entendem que não se podem considerar totalmente favorecidos, que mesmo as projectadas deslocalizações para as escravaturas laborais nem sempre correram bem – e que é talvez a altura de rever tudo.
Também foi muito difícil impor o horário laboral das 8 horas diárias. Talvez seja altura de lutar (como da outra vez) por uma diminuição desse horário, e por amentos de salários, proporcionais ao que os avanços tecnológicos proporcionam.