“O Daniel foi inteligente, respondeu com superioridade e usufruiu de uma banana cheia de potássio”, diz Mozer, considerando, no entanto, que está a fazer-se uma “tempestade num copo de água com a banana”, referindo-se às reacções que o gesto do jogador brasileiro desencadearam.
Nas redes sociais multiplicaram-se fotos de políticos – como a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e o primeiro-ministro Italiano, Matteo Renzi -, de desportistas e de adeptos a comer bananas em solidariedade com Daniel Alves. E o jogador Neymar aproveitou o caso para lançar uma campanha (Somos Todos Macacos) contra o racismo, que ele e uma equipa de marketing estavam a preparar nos bastidores.
Mas para Luís Vidigal, antigo jogador do Sporting e da Selecção nacional, o facto de estas iniciativas alertarem para situações graves não resolve o problema. “É impossível acabar com o racismo”, garante o jogador natural de Angola, acrescentando: “Daqui a duas, três semanas isto acaba e um dia destes voltaremos a assistir a outro caso” . E, apesar de criticar este tipo de atitude com a banana, Vidigal considera que não simboliza o pior do racismo. Para ele, como para Mozer, os insultos são “coisas normais do futebol”
“E já agora, porque é que ninguém fala dos insultos que todos os dias são feitos aos árbitros?”, questiona o antigo defesa do Benfica.
Toni, que está de novo a treinar no Irão, recorda que desde os anos 90 tornou-se comum ouvir nos estádios sons a imitar os macacos, quando entra em campo um jogador negro. “Com este gesto inédito do Dani, as pessoas perceberam que aquilo que estão a fazer é uma forma de racismo”, alega, considerando que esta foi a imagem mais marcante da luta contra o racismo no desporto.
Em Portugal, Nelson Évora, que diz ter sido vítima de racismo na discoteca Urban Beach, foi um dos desportistas a publicar no Facebook uma imagem com uma banana, num post com mais de 57 mil likes.
Racismo atinge NBA
Entretanto, o adepto que atirou a famosa banana, David Campayol, de 26 anos, foi detido na terça-feira pela polícia, por atentar contra os direitos fundamentais e liberdades públicas. E o clube de Villarreal expulsou-o e tirou-lhe o título de sócio.
Também Donald Sterling, o dono dos Los Angeles Clippers, uma equipa da Liga Norte-Americana de Basquetebol profissional (NBA), ficou sob polémica depois de ter sido divulgada uma gravação de um telefonema com a namorada em que a recriminava por aparecer numa foto ao lado de Magic Johnson, além de lhe pedir para não levar atletas negros aos jogos. A NBA baniu Sterling e condenou-o a pagar uma multa de 2,5 milhões de dólares, correndo o risco de ter de vender o clube. As declarações chocaram os norte-americanos e até mereceram um comentário do presidente Obama, que estava na Malásia.