Morujão portou-se, não como porta-voz, mas como bispo. Ele próprio reconhece, numa entrevista dada ao DN, que o confundiam muitas vezes com um bispo. O que é natural. Alguém viu o porta-voz do Presidente da República, ou do primeiro-ministro, ou de qualquer ministro, aparecer a dar entrevistas em nome deles, a comentar assuntos importantes? Ou alguém viu mesmo outro porta-voz mundial a fazê-lo (esqueçamos o do Papa, que tem funções específicas, por não se pretender pôr Sua Santidade a falar com frequência)?
Pois o nosso Morujão avançava para os meios de comunicação e para as TVs, a ser entrevistado, com a desenvoltura de um bispo.
Esperemos que o seu sucessor, apesar da má tradição do episcopado português nas relações com a comunicação social, se esforce por melhorar esta situação, e saiba pôr-se na posição que lhe compete: a de viabilizar contactos com os bispos, e de dar talvez alguma informação de ‘back ground’, mas ‘off the record’. Há bispos novos, e com aparente qualidade – vou só referir, omitindo mal muitos, os do Porto, Lisboa, Bragança ou Braga – para esperarmos mudanças positivas, ainda que tardias.