"Durante muito tempo pensámos que se tratava de uma espécie que era conhecida de Espanha, do género turiassauros, mas, na verdade, as diferenças anatómicas que começámos a reparar eram suficientes para classificarmos, não só uma nova espécie, como um novo género para a ciência", disse Octávio Mateus.
Diferenças anatómicas descobertas por comparação com outros dinossauros do mesmo género e família levaram os paleontólogos a concluir que este animal possui "várias cristas diferentes nos ossos dos membros", explicou.
Trata-se da terceira nova espécie de dinossauro saurópode classificada a partir fósseis descobertos no concelho da Lourinhã, um dos locais do mundo mais rico em achados paleontológicos.
Além de um dos autores do artigo científico agora publicado no "Journal of Vertebrate Paleontology", o paleontólogo foi quem em 1996 encontrou o achado nas arribas da praia de Paimogo, naquele concelho.
Entre 2000 e 2002, foram escavados dessa jazida a pata dianteira completa, de quatro metros de comprimento, um dente e um osso da cauda, cujos fósseis originais estão em exposição no Museu da Lourinhã e têm uma réplica na fachada desta instituição.
Sabe-se agora que pertencem a um dinossauro saurópode, agora apelidado de "zby atlanticus".
Trata-se de um herbívoro de cerca de 19 metros de comprimento e quatro de altura pertencente a um dos escassos grupos de origem ibérica, de invulgares dentes largos, e que viveu há 150 milhões de anos, no período correspondente ao chamado Jurássico Superior.
O nome "Zby atlanticus" é inspirado no paleontólogo russo Georges Zbyszewski (1909 – 1999), que trabalhou grande parte da sua vida em Portugal, e no Oceano Atlântico, cuja abertura e consequente separação dos continentes americano e europeu justificam a diversidade paleontológica da Lourinhã e junto ao qual os fósseis do novo dinossauro foram achados.
O estudo é subscrito por Octávio Mateus, da Universidade Nova de Lisboa, e por Philip Mannion e Paul Upchurch, do Imperial College e do University College of London.
Lusa/SOL