“Têm corpos de Adónis mas uma boca de lixo”, afirma Paul Piccinni, director dentário do Comité Internacional Olímpico, que está muito familiarizado com os dentes partidos, podres, os abcessos e outros problemas que encaminham vários atletas para as cadeiras dos consultórios.
Um destes é o famoso jogador de basquetebol Michael Jordan. Quando participou nos jogos Olímpicos de 1984, apesar de ser o melhor jogador da equipa, Jordan “tinha um grande problema dentário que o poderia ter impedido de jogar”.
A origem destes problemas está nos cuidados que estes atletas têm com o corpo. Depois de fazerem grandes esforços físicos, ‘enchem-se’ não só de bebidas e barras energéticas como comem frequentemente, algo que prejudica os dentes. A desidratação proveniente do suor acaba também por diminuir a produção de saliva necessária para regenerar os esmalte dos dentes.
Os remadores, por exemplo, “têm muitos dentes podres” porque passam muitas horas a treinar em barcos e ‘alimentam-se’ de bebidas com açúcar.
Um abcesso quase impediu o remador britânico Alan Campbell de participar nos Jogos Olímpicos de 2008. A infecção espalhou-se pelo ombro, costas e acabou por alojar-se no joelho direito. Foi operado dois meses antes dos Jogos Olímpicos e acabou por ficar em quinto lugar na final: “Teria remado muito mais rapidamente” se a infecção no dente não o tivesse afastado do seu barco durante seis semanas. Quatro anos depois, nos Jogos Olímpicos de Londres, Campbell ganhou a medalha de bronze.
Para os jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, a clínica vai estar equipada com oito consultórios dentários, máquinas de raio-X e salas de cirurgia. Tudo para garantir a higiene dentária destes atletas.
AP/SOL