“O problema é chegar a um consenso relativamente às contas, uma vez que é sobre estas que se vai calcular o corte de 25% nos gastos” – explica ao SOL um fonte ligada ao processo, referindo-se à legislação publicada em Outubro passado, que define que a devolução das unidades pressupõe uma redução de 25% dos actuais encargos do Estado. Em relação à unidade Fafe a situação é mais complexa porque, ao ter sido incorporada num centro hospitalar (Alto Ave), juntamente com o Hospital de Guimarães, tornou-se complicado definir o que corresponde a gastos e receitas de cada um. Neste momento, sabe o SOL, a auditoria foi concluída, aguardando-se uma reunião entre as partes para ver se chegam a um consenso. É que apesar de devolvidas às misericórdias, as unidades em causa continuarão a fazer parte do Serviço Nacional de Saúde.
'Falta apenas o ministro dar um murro na mesa'
Os hospitais de Fafe, Serpa e Anadia foram seleccionados para serem os primeiros a devolver, adianta ao SOL o presidente da UMP, Manuel de Lemos, admitindo que apesar de estar previsto que as devoluções começassem no início deste ano, “nada foi ainda assinado”.
“Falta apenas o ministro da Saúde dar um murro na mesa” para a situação se resolver, garante o responsável das misericórdias. E esclarece que recentemente esteve “reunido com Paulo Macedo, tendo ficado resolvidas as duas questões que estavam pendentes” nas negociações – que estão a ser monitorizadas por uma comissão de acompanhamento, composta por um representante do ministro, elementos das administrações regionais de saúde e da UMP.
Segundo o SOL apurou, o caso de Anadia é o que está mais perto de se conseguir um acordo e o que se mostra mais pacífico. Já o de Serpa, apesar de encaminhado, levanta mais polémica, nomeadamente pelos alertas de risco para a saúde levantados pela oposição.
O presidente da UMP aproveita para criticar os que têm atacado a devolução dos hospitais, como é o caso do deputado do PS eleito por Beja, Luís Pita Ameixa, que no início de Abril, após visitar a unidade de saúde de Serpa, alertou para os riscos de uma degradação dos serviços devido ao corte de 25% nos custos. “Não foi de certeza uma coisa dita pela direcção nacional do PS, na qual tenho a maior confiança” – diz Manuel de Lemos, sublinhando que aquela crítica não faz sentido, uma vez que, com a devolução à Misericórdia, “o Hospital de Serpa vai passar a ter cirurgias, que agora não tem”.
Quanto à petição que deu entrada no Parlamento, a contestar a devolução do Hospital de Barcelos, o presidente da UMP considera-a uma “excitação dos peticionários”, pois essa unidade de saúde “nem sequer está na lista” dos estabelecimentos a devolver numa segunda fase: “Depois de Fafe, Anadia e Serpa, serão os de Cantanhede, Ovar, São João da Madeira e possivelmente Régua”.