Telemóveis vão poder receber e enviar aromas

O envio de aromas através de telemóvel vai ser possível no ‘oPhone’, que será comercializado a partir do próximo ano e que já tem um potencial importante, afirmou o responsável do projecto, um professor de engenharia biomédica. 

"Há um grande interesse da parte de Silicon Valley [nos Estados Unidos, onde se localizam empresas de sector tecnológico], porque trata-se efectivamente de poder transformar a comunicação global da actualidade", explicou David Edwards, professor na universidade norte-americana de Harvard, à agência France Presse, no seu escritório do 'Laboratório', uma estrutura inaugurada em 2007 em Paris que pretende reconciliar arte e ciência.

Um aparelho cilíndrico apoiado sobre uma doca, o 'oPhone' é uma pequena caixa branca que gera sinais aromáticos complexos, numa rápida sucessão de pequenas emissões de vapores, da mesma forma que um telefone transmite informações de áudio.

Funciona graças à manipulação tecnológica de partículas de uma forma similar à tecnologia de aerossóis médicos que permitiram a este filantropo, autor e inventor em série construir a sua fortuna no final da década de 1990. 

Os utilizadores de 'iPhone' vão ter disponível uma aplicação gratuita, chamada 'oSnap', que pode ser descarregada nos telemóveis a partir de 17 de Junho, disponibilizando 32 aromas originais. O utilizador pode combinar entre um e oito odores para criar o seu próprio aroma, sendo possíveis 300 mil combinações. 

No mundo real, a gama de perfumes é tão larga que era necessário seleccionar fragrâncias para iniciar as experiências. 

"Estamos focados em duas áreas: café e alimentação", disse o responsável.

Uma vez operacional, um caminhante pode tirar uma fotografia durante um passeio na floresta e, em seguida, adicionar alguns aromas para reconstituir a atmosfera ao seu redor. Enviará, depois, uma 'oNote', um arquivo enviado via mensagem de texto (SMS), que visualizará depois a composição na página na internet, que pode ser também carregada para um iPhone.

O odor é produzido em cartuchos, baptizados como 'oChips'.

O público poderá visitar o 'Laboratório', entre 19 e 31 de Junho, para uma demonstração do aparelho. Paralelamente, uma campanha de financiamento comunitário decorre no sítio da internet Indiegogo de 17 de Junho a 31 de Julho. 

O produto custará 199 euros e menos 50 euros para os contribuidores para o financiamento, mas David Edwards garante que o preço deverá diminuir rapidamente, à medida que se expandir a produção. 

Numa segunda fase, será possível tirar uma fotografia e o 'software' deduzirá qual é o odor.

O campo de aplicações é quase infinito, desde a medicina à indústria, mas o comércio digital parece ser o sector mais apetecível. 

"Temos tido, há meses, conversas com representantes mundiais de alimentos, cinema, perfumes, viagens e carros", afirmou David Edwards.

Lusa/SOL