"Vocês são uns assassinos", gritaram centenas de manifestantes concentrados no bairro de Okmeydani, situado a norte da praça Taksim, em Istambul, para condenar a atitude do Governo turco, acusado de negligência no acidente mineiro ocorrido em Soma.
A polícia recorreu a gás lacrimogéneo, balas de borracha e canhões de água contra os manifestantes, que lançavam cocktails Molotov, noticiaram os 'media' locais.
Fotografias partilhadas nas redes sociais mostram um homem, deitado no chão, com a cabeça ensanguentada, desconhecendo-se ainda se se trata de um manifestante ou de um simples passante.
A multidão tentava concentrar-se, a meio do dia, em frente ao hospital para onde o ferido foi transportado em estado crítico.
"Ele foi atingido por uma bala verdadeira", declararam testemunhas a um fotojornalista da AFP.
Os incidentes ocorreram num bairro de Istambul conquistado à esquerda e enlutado em Março, após a morte de um adolescente que foi ferido pela polícia à margem do amplo movimento de contestação na praça Gezi.
Segundo a sua família, Berkin Elvan, 15 anos, foi gravemente ferido na cabeça em Okmeydani em Junho por um disparo de Granada lacrimogénea, quando tentava comprar pão, durante uma intervenção da polícia.
Desde então, o rapaz tornou-se um dos símbolos da repressão ordenada pelo primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, que fez, no total, oito mortos e mais de 8.000 feridos.
Quando Erdogan se prepara para anunciar, nos próximos dias, a sua candidatura às eleições presidenciais, as autoridades tentam controlar qualquer movimento de contestação.
A polícia, que está alerta, proíbe qualquer concentração nas grandes cidades, através de bloqueios e detenções.
A alguns dias do primeiro aniversário do movimento da praça Gezi, a ira da população foi reavivada pelo acidente de Soma, a pior catástrofe industrial ocorrida no país.
O Governo do AKP e o proprietário da mina, a empresa Soma Kömür, são acusados de ter negligenciado as condições de segurança na mina de carvão.
Os primeiros elementos da investigação em curso permitiram provar que os mineiros não dispunham de qualquer espaço onde pudessem ter-se refugiado e protegido dos gases tóxicos do monóxido de carbono.
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Lusa/SOL