Manuel ‘Palito’ esteve 35 dias escondido após assassinar a tiro a sogra e uma tia e de ferir gravemente a ex-mulher e a filha. Por isso, se se confirmarem as suspeitas de que teve apoio para sobreviver, o próximo passos será perceber se essa ajuda foi “prestada de forma voluntária ou involuntária”, neste último caso, por eventual medo do suspeito, garantiram ao SOL fontes próximas do processo. É que para existir crime de encobrimento pessoal, punido com pena até três anos de prisão, tem de haver intenção, isto é, a ajuda teria de ser feita voluntariamente e não resultar de intimidação e medo.
Quando foi detido ontem, perto de casa, o homicida de 61 anos, “não ofereceu resistência”, apesar de estar armado com a espingarda caçadeira com que cometeu os crimes, garante por sua vez fonte da PJ. Estava “bastante abatido” e foi levado para o Estabelecimento Prisional de Vila Real, onde se encontra desde ontem em prisão preventiva.
Para a detenção do duplo homicida foi decisiva a instalação de câmaras e de sensores na residência de ‘Palito’, de modo a que não houvesse ninguém em redor da casa, “dando ao suspeito confiança para aproximar-se da residência”, acrescentam.
A preocupação dos investigadores da Judiciária foi principalmente “neutralizar” ‘Palito’ antes de ele entrar em casa, de modo “a evitar que se entrincheirasse” na moradia, o que “poderia dificultar bastante a sua detenção”, até porque o foragido encontrava-se armado.
Segundo o SOL apurou, a Polícia Judiciária de Vila Real, que mudara recentemente de estratégia, resolveu aproveitar as más condições climatéricas, sabendo que “Palito” iria, mais tarde ou mais cedo, passar por sua casa na aldeia de Trevões.
Manuel Baltazar, que teria sido avistado recentemente em Vale de Vila, a cerca de dez quilómetros do local dos crimes, onde abateu a tiro a sua sogra e uma tia da ex-mulher, ferindo esta a tiro e uma filha de ambos. Apesar de ter pulseira electrónica há vários meses, conseguiu aproximar-se da ex-mulher três vezes nesse dia, acabando por disparar sobre ela, a filha de ambos, ferindo-as com gravidade e por matar a sogra e uma tia da antiga companheira.
Os crimes de Valongo dos Azeites, em São João da Pesqueira, chamaram a atenção para a falibilidade das medidas de controlo electrónico a suspeitos de violência doméstica e ao mesmo tempo criaram um inusitado movimento nas redes sociais, incluindo mesmo a colocação de uma página no Facebook, satirizando o insucesso das buscas policiais ao longo de mais de um mês.