Eleições na África do Sul

Foram 29 partidos a concorrer às eleições do dia 7 de Maio na África do Sul, mas só 13 tiveram votos suficientes para conseguirem representação no novo parlamento; destes, os mais votados foram o ANC (Congresso Nacional Africano), que elegeu 249 deputados, a DA (Aliança Democrática), com 89, e o novo partido, EFF (Combatentes pela…

O ANC conseguiu uma votação superior àquela que as sondagens lhe atribuíam. Mesmo assim, comparando os resultados com os de 2009, baixou de 66% para 62%. A queda foi mais acentuada na província de Gauteng, a mais populosa e rica economicamente, onde passou de 64% para 53%.

Em contrapartida a Aliança Democrática de Helen Zille teve uma subida significativa em termos nacionais, passando de 16,5% para 22,25%; 30% em Gauteng. O EFF – uma dissidência da esquerda do ANC, liderada pelo controverso Julius Malema – conseguiu 6,35% dos votos. No conjunto, as oposições de direita e de esquerda tiveram cerca de 38% do total.

Em termos provinciais o ANC é maioritário em todas as províncias, com excepção do Cabo Ocidental, que continua nas mãos da AD e que é dominantemente habitado por brancos e mestiços. Apesar dos reconhecidos progressos nas relações inter-raciais, o voto sul-africano continua a seguir linhas étnicas. O que é natural: ainda que na nova África do Sul haja centenas de bilionários e milionários negros e centenas de milhares de brancos pobres, as classes sociais continuam ligadas à origem étnica. A líder da DA, Helen Zille, sublinhou que 760.000 negros votaram no seu partido, que recebeu 93% do voto branco (contra 84% em 2009) e da maioria dos mestiços. E, dos eleitores do ANC, 95% são negros.

Em resumo, a eleição não trouxe surpresas: o ANC manteve a maioria absoluta embora com menor percentagem que nas anteriores eleições (sobretudo dos 70% de 2004); a AD, pelo contrário, vai melhorando, desde que substituiu o Novo Partido Nacional (NNP) que em 1994 teve 20% e que desapareceu como o partido do eleitorado branco do tempo do apartheid.

Outra força política que parece caminhar para a extinção é o IFP (Partido da Liberdade Inkatha) que reunia os votos da etnia zulu com o seu líder Buthelezi, que governava o Natal. Os mais de dois milhões de votos que teve em 1994 estão hoje reduzidos a menos de meio milhão. Ganhar os zulus para o ANC, roubando-os a Buthelezi, foi o grande feito de Jacob Zuma, que lhe deu prestígio e poder no ANC.

O ANC, com maioria absoluta, vai poder eleger no Parlamento Zuma como Presidente, apesar da crescente oposição ao centro e da violenta oposição à esquerda do EFF, que foi o segundo partido nas províncias mais pobres do Limpopo e do Cabo Norte. Interessante vai ser, entretanto, a composição do Governo.