Vejamos agora o que sucede com o dito capital, segundo os economistas que o estudam. O último grito, a fazer grande sucesso, é um livro do economista francês Thomas Peketty, ‘Le Capital au XXI Siècle’. Alguns escribas por cá querem-no apresentar como ‘marxista’, por sair do tom generalizado liberal. Mas os académicos americanos de todas as tendências estudam-no seriamente, mesmo nos casos de alguma contestação, sem lhe darem esse epíteto.
O primeiro a falar cá do assunto foi Manuel Maria Carrilho, nos seus artigos do DN. Mas ainda há dias João Constâncio (que eu penso ser um jovem académico filho do ex-líder do PS e vice-governador do BCE Vítor Constâncio), dedicou ao livro 2 entusiásticas páginas do Público.
O livro está agora a ser traduzido por todo o mundo (deverá sair cá em Setembro), aparece na lista dos mais vendidos da Amazon, e tem recebido os maiores encómios de economistas dos EUA como Stiglitz, R. Sollow ou Paul Krugman (que, na sua coluna do NYT, o considerou o livro da década).
Num resumo excessivo, Peketty vem comprovar que o capitalismo (e integra na noção de capital todo o património) tende a expandir-se especulativamente mais do que os PIBs do mundo (quem vive afinal acima das possibilidades?), e concentra-se de maneira oposta à luta contra as desigualdades. Mas demonstra-o com dados económicos e estatísticos.
Num momento em que a Europa atravessa a sua maior crise dos pós-guerras, e em que o projecto de unidade europeia perdeu todo o élan, esperar-se-ia que na campanha destas eleições europeias tivessem surgido em debate temas como estes. Mas não dei por isso, fora os artigos citados.