Neste caso, Rita Elói Neto, de 30 anos, irá frequentar durante nove meses, na Cordon Bleu de Madrid, o curso de artes culinárias que lhe dará o Grand Diplôme, o que equivale, diz o director da escola madrilena, Fernando Cano, a um passaporte para qualquer restaurante no mundo inteiro, sem ser necessária mais nenhuma validação. É, mesmo assim, um passaporte caro: 36 mil euros.
Numa recente passagem por Lisboa de apresentação da escola aberta na capital espanhola há apenas três anos, Fernando Cano, disse que a Cordon Bleu Madrid tem neste ano lectivo mais de 700 alunos, dos quais 30% serão estrangeiros, dois ou três portugueses. Fernando Cano não tem dúvidas que o Grand Diplôme é o título mais importante do mundo e “A Cordon Bleu, com três sucursais, em Paris, Londres e agora Madrid, é reconhecida como a principal escola de cozinha francesa e de cozinha clássica do mundo”.
Qualquer pessoa pode candidatar-se, mesmo que não saiba estrelar um ovo. “Tem que ter gosto pela cozinha e vontade de aprender”, reconhece. E, tal como no filme Julie & Julia em que vemos Julia Child, a célebre norte-americana, autora de Mastering The Art of French Cooking, a picar cebola durante um dia inteiro como exercício escolar, na Cordon Bleu Madrid isso também pode acontecer. “O chef pode dizer aos alunos que têm que passar um fim-de-semana todo a cortar cebola. É como tocar violino. Tem que se começar por saber usar os instrumentos básicos”.
O chef Miguel Rocha Vieira, um dos jurados do Masterchef, encontrou no almoço promovido pela Cordon Bleu um dos seus professores de quando tirou o curso na sucursal de Londres, o chefe Yann Barraud. “Ele era um aluno muito dedicado e fazia muitas perguntas, mas agora ultrapassou-me. Nunca esperei”, brinca Yann Barraud vestido a rigor e com um sotaque semelhante ao do Ratatouille, o chefe de animação da Pixar. Yann Barraud, com 26 anos de experiência no ensino, é um dos fundadores da Cordon Bleu Madrid.
Miguel Rocha Vieira, de 35 anos, tirou o Grand Diplôme, em Londres, no ano 2001-2002 e desde aí nunca mais voltou a Portugal. Actualmente é o chef do Costes, em Budapeste, o único restaurante da Hungria com uma estrela Michelin, conquistada pela primeira vez em 2010.
Além do Grand Diplôme, há outros cursos, em cozinha e pastelaria e em Outubro a escola vai “abrir um grau universitário que equivale à licenciatura de Bolonha, com o qual a escola contribui com 90% dos créditos”, disse ao SOL Fernando Cano.