Um porta-voz do ministério da Energia russo confirmou hoje às agências locais que as três partes vão reunir-se na segunda-feira à tarde, em Bruxelas, na véspera do fim do prazo dado a Kiev pela empresa russa de gás, a Gazprom, para o pagamento da dívida, antes de esta cortar o abastecimento.
Trata-se da quinta reunião ministerial em Bruxelas, mas nem Moscovo nem Kiev cederam apenas um milímetro nas suas exigências sobre o pagamento de dívidas e a revisão das taxas de gás, respectivamente.
Na última reunião, a 02 de Junho, os dois países chegaram a lançar as bases para um novo plano de pagamento das dívidas da Ucrânia e um método para a fixação do preço do gás russo, de acordo com o Comissário Europeu para a Energia, Günther Oettinger.
A Gazprom estendeu até 10 de Junho o anunciado prazo para o corte do abastecimento energético à Ucrânia, depois de Kiev ter pago as dívidas relativas a Fevereiro e Março, num total de 786 milhões dólares (576 milhões de euros).
Kiev ainda deve pagar 1.451 milhões de dólares (1.064 milhões de euros) relativos aos meses de Novembro, Dezembro e Janeiro, assim como a factura de Maio para evitar a introdução do pagamento antecipado, o que incluiria a interrupção do abastecimento se não for transferido 1.660 milhões de dólares (1.217 milhões de euros) inerentes ao consumo estimado para Junho.
A Naftogaz propôs à Gazprom a revisão do contrato de fornecimento celebrado entre as duas empresas, em 2009, com o objectivo de estabelecer novos parâmetros de preços, volumes e condições de venda.
Kiev exige a Moscovo o regresso ao preço de 268 dólares (196 euros) por mil metros cúbicos que pagava até a deposição do Presidente Víktor Yanukóvich em Fevereiro, enquanto a Rússia insiste que o actual preço de mercado para a Ucrânia é de 485 dólares (356 euros).
A este respeito, a UE propõe um preço intermédio cerca de 350 dólares (257 euros) por mil metros cúbicos, conforme pagam muitos clientes europeus da Gazprom.
O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, alertou que Kiev aspira à "independência energética" e não vai pagar "preços loucos" exigidos pela Gazprom.
Petro Poroshenko lembrou que a Ucrânia assinou um acordo com a Eslováquia para o fornecimento de gás, que atingir os 8.000 milhões de metros cúbicos.
No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, alertou que este fornecimento não resolverá os problemas da Ucrânia e que se ocorrer uma violação do contrato com Moscovo será obrigado a cortar o gás, afectando assim a UE.
Além disso, sublinhou que "o volume de gás para o mercado europeu será apenas o suficiente".
A UE está particularmente interessada na resolução deste conflito, uma vez que importa 40% do seu gás da Rússia e metade deste valor vai para o território comunitário através de gasodutos ucranianos.
Lusa/SOL