48 acidentes de aeronaves por investigar

Só no mês passado, três pessoas morreram em acidentes com aeronaves civis em Portugal: duas num ultraleve que se despenhou na Herdade da Pereira, em Évora, e outra na queda de um parapente com motor, numa praia de Sines. As causas destes acidentes não serão conhecidas tão cedo: estão por investigar 48 acidentes,  desde 2010,…

48 acidentes de aeronaves por investigar

A única entidade independente em Portugal para analisar estes casos só depois do Verão deverá ter no terreno dois especialistas há muito reclamados junto da tutela, o Ministério da Economia.

 “Estamos a terminar o processo de selecção de 20 candidatos e, na melhor das hipóteses, teremos os dois investigadores no terreno em Setembro”, avança ao SOL, Álvaro Neves, que dirige o organismo, reconhecendo, contudo, que estes especialistas serão insuficientes para o volume de trabalho. 

Neste momento, são já 48 os processos que continuam por investigar nas prateleiras do GPIAA, duas dezenas deles ainda de 2010 e 2011. “Só para pôr os processos em ordem com estes dois investigadores, serão precisos, na melhor das hipóteses quatro a cinco anos”, explica o responsável, lembrando que uma investigação a um acidente com vítimas mortais leva em média seis meses a concluir. 

Mais prevenção para diminuir acidentes 

Os acidentes com aviões ligeiros têm-se sucedido nos últimos dois anos. Desde Janeiro, registaram-se já este ano seis acidentes, com três mortos – mais do que em todo o ano de 2013, em que se verificaram apenas cinco acidentes e dois mortos. Mas 2012 bateu recordes: dez mortos em 16 acidentes .

 “A situação é gravíssima”, reconhece Álvaro Neves, lembrando que desde 2010 que o GPIAA não faz acções de prevenção em escolas, aeródromos e aeroclubes, por falta de técnicos especializados. “Não tenho dúvidas de que, se tivéssemos investigadores, teríamos reduzido parte dos acidentes que ocorreram nos últimos dois anos”. 

O responsável diz que a estes dois novos investigadores deverão juntar-se mais dois no próximo ano: “Recebi essa garantia da tutela. Com quatro investigadores já será possível desemprenhar cabalmente a nossa missão”.
Até lá, o próprio director do GPIAA continuará a ter de ir sozinho para o terreno recolher provas dos acidentes, compilando a informação necessária para a abertura do processos, que ficam a aguardar investigação.

joana.f.costa@sol.pt