"A resposta tem de ser coordenada e temos de ter em mente que – por mais que os mercados tenham estabilizado agora – não podemos fiar-nos demasiado nos mercados financeiros. Eles podem estar complacentes agora, mas vão voltar. Não podemos pensar que a crise acabou porque os mercados agora estão mais bem dispostos", disse Maria Luís Albuquerque, no Fórum Económico de Bruxelas, que decorre hoje na capital belga.
A ministra começou a sua intervenção a enumerar "aquilo que correu mal", destacando que Portugal enfrenta os mesmos desafios que os outros países – "uma população envelhecida, perda de competitividade, necessidade de reformas estruturais e uma fragmentação financeira severa" – a que acrescem "desafios adicionais por ser um país periférico".
Maria Luís Albuquerque deixou ainda um recado para a Europa: "esta crise demonstrou que o enquadramento institucional europeu não era suficientemente forte".
A governante referiu-se ainda à necessidade de potenciar o crescimento para responder às expectativas das pessoas, mas alertou que é preciso "fazer as pessoas perceber aquilo que é realista e aquilo que não é", defendendo que "algumas expectativas que foram criadas parecem já não ser realistas".
A ministra das Finanças integra o painel que vai discutir as lições da crise e a resposta a dar, no Fórum Económico de Bruxelas 2014, que decorre na capital belga, e que conta ainda com a presença do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, com o vice-presidente da Comissão Europeia, Olli Rehn, entre outros.
Em resposta a uma questão colocada pela audiência sobre se o programa de Portugal foi ou não bem sucedido, Maria Luís Albuquerque começou por dizer que há uma "problema de expectativas".
"Se as pessoas esperam que o programa resolva em três anos os erros que foram cometidos em mais de uma década, então não é que o programa não tenha sido um sucesso, isso simplesmente não é possível".
A ministra das Finanças reiterou que o programa de ajustamento português "foi um sucesso porque a economia portuguesa está muito mais robusta do que antes".
No entanto, deixou um aviso que tem vindo a fazer: "Temos de continuar o processo de reforma, temos de continuar a consolidação orçamental por muitos anos".
Em relação à opção por não recorrer a um programa cautelar, Maria Luís Albuquerque afirmou que "aquilo que os mercados vão ver é se [Portugal] vai manter a disciplina e para isso não é preciso um programa cautelar".
Lusa/SOL