As projecções hoje divulgadas pelo banco central, no boletim económico da instituição, passam a ficar ligeiramente abaixo da previsão do Governo, que aponta para um crescimento de 1,2% do PIB para este ano, mas são um pouco mais optimistas do que as da Comissão Europeia. No início de Junho, Bruxelas fez uma revisão em baixa de 0,2 pontos percentuais da evolução do PIB esperada para este ano, de 1,2% para 1%.
Também a projecção para a inflação em 2014 foi revista em menos 0,3 pontos percentuais, para uma evolução de 0,2%, em linha com o que é esperado para outras economias da área do euro, indica o banco central.
O comportamento das exportações e do investimento no primeiro trimestre, abaixo do que era esperado para os primeiros três meses deste ano, foram os principais factores que levaram à alteração das previsões de crescimento para 2014.
Assim, o banco central decidiu também apontar para um aumento das exportações de 1,5% em 2014, quando no boletim económico de Abril se previa que estas crescessem 2,1%.
Quanto ao investimento, as previsões para este ano foram também revistas em baixa, com a formação bruta de capital fixo a passar para 0,8%, face aos 1,8% que estavam previstos no boletim económico anterior.
No entanto, o banco central considera que a evolução menos favorável do que esperado no primeiro trimestre – que resultou numa queda da actividade económica de 0,7% face aos últimos três meses de 2013 – "foi parcialmente condicionada por factores de natureza temporária que deverão ser revertidos nos trimestres seguintes", adianta em comunicado.
Em causa no que respeita às exportações, o fecho temporário da refinaria de Sines teve um impacto considerável nas exportações de combustíveis, com efeitos negativos nos números finais do comércio com o estrangeiro.
Já o comportamento negativo do investimento terá sido parcialmente causado pela forte pluviosidade no início deste ano, com efeitos no abrandamento da actividade das empresas construtoras.
Por outro lado, prevê-se um aumento da actividade económica no segundo trimestre de 2014, aliada à recuperação do emprego e do consumo privado, de forma gradual e ao longo dos próximos anos.
A instituição liderada por Carlos Costa adianta ainda que a "recuperação moderada" que se prevê para a actividade económica, até 2016, "traduz o maior dinamismo da procura interna e a manutenção de um crescimento forte das exportações".
Apesar disso, alerta o banco central, "a procura interna continuará a ser condicionada pelo processo de consolidação orçamental e pela necessidade de redução do endividamento do sector privado".
Já as exportações de bens e serviços deverão retirar benefícios da recuperação prevista para a economia mundial, especialmente na área do euro, o que poderá resultar no reforço da sua importância para a actividade económica portuguesa. O banco central acredita que em 2016 as vendas ao exterior representem 45% do PIB, mais 12 pontos percentuais que em 2008.
O crescimento das vendas ao exterior em 2015 é aliás revisto em alta, de 5,1% para 6,1%, face ao boletim económico anterior, ao contrário do investimento (3,7% contra 4,4% no boletim anterior) e da procura interna (1% contra 1,2%).
Para 2016, mantêm-se ainda as previsões anteriores, que apontam para um crescimento de 1,7% da actividade económica, em linha com o Governo.
As projecções de crescimento hoje divulgadas só têm em linha de conta os dados disponíveis até ao final de Maio. Por esse motivo, não estimam ainda o eventual impacto das recentes decisões do Tribunal Constitucional, mas apenas algumas medidas já incluídas no DEO, como a reversão gradual, em 20% ao ano, do corte nos salários dos funcionários do Estado.
Lusa/SOL