Juan Carlos recuperou popularidade com saída

‘La Dona é mobile’. E não apenas ‘la dona’ (a mulher) é ‘mobile’ (volúvel), mas os eleitorados inteiros.

Viu-se que o Rei Juan Carlos de Espanha caiu em desgraça perante o seu povo, quando apareceu a sua fotografia, ao lado de uma amante estrangeira, junto a um elefante caçado e morto. Toda a gente sabia que ele caçava, e as suas amantes não eram segredo nenhum, mas a fotografia fez toda a diferença – sobretudo numa altura em que o povo espanhol estava a ser sujeito a um tratamento intensivo de austeridade.

Na mesma altura, soube-se que um seu genro fez negócios quase tão escandalosos como aqueles em que o Rei estivera envolvido com figuras como Mário Conde, Javier de la Rosa ou Manuel Cólon de Carvajal (companhias que naturalmente desgostavam a sua mãe, enquanto viveu). Tudo junto, levou os espanhóis a atacarem tanto a Família Real nas sondagens, que as oficiais deixaram de a mencionar.

Agora que abdicou, o povo, mais juancarlista do que monárquico, perdoou-lhe. Há dias, foi aplaudidíssimo numa corrida de toiros do Santo Isidro, na Praça de Madrid. Depois, voltou a sê-lo, na Festa Nacional Militar.

Agora, uma sondagem indica que 70% dos espanhóis apoiam o Rei, e acham que o seu insonso sucessor poderá substituí-lo bem. Curiosamente, os mesmos 70% que, segundo as sondagens, querem um referendo de regime, e apoiariam a mudança para a República – apesar de os partidos do sistema, PP e PSOE, nem quererem ouvir falar nisso, por entenderem que a Coroa ainda pode ser um factor de união nacional. Apesar de, perante as reacções de bascos e catalães frente à Família Real, a Coroa parecer mais um factor de desunião.