O simples esticar do polegar à berma da estrada para pedir boleia começa a estar ultrapassado. Agora, andar à boleia pressupõe um planeamento com antecedência, através da utilização dos ‘sites’ de boleias, sempre com o mesmo princípio de economizar dinheiro.
Intitulada de ‘carpooling’, a partilha de boleias está cada vez mais presente no quotidiano dos portugueses.
Segundo o estudo do Observador Cetelem 2014, realizado em novembro do ano passado em oito países – Alemanha, França, Itália, Portugal, Espanha, Bélgica, Reino Unido e Turquia –, Portugal foi o país em que “uma maior percentagem de pessoas que partilhou deslocações automóveis” no ano anterior, disse o diretor de marketing do Cetelem, Diogo Lopes Pereira.
Os portugueses ocupam o primeiro lugar no ranking de partilha de boleias, com uma percentagem de 28% face à média europeia, que se situa em torno dos 20%, seguindo-se Turquia, França e Espanha, adiantou.
A partilha de boleias é “uma tendência que se tem vindo a afirmar muito com a ajuda da evolução tecnológica, ou seja, a internet, a existência de alguns ‘sites’ que estimulam a partilha de boleias, tem vindo a facilitar e organizar” a procura e a oferta, explicou.
Entre os ‘sites’ de boleias utilizados pelos portugueses encontram-se www.umcoche.com, www.blablacar.pt, www.boleia.net, www.pendura.pt, www.deboleia.com e www.viagensportostoes.org.
Em comum, estes ‘sites’ possibilitam que qualquer pessoa maior de idade se registe gratuitamente, podendo associar o registo ao perfil de Facebook. A partir desse momento, pode oferecer boleia, disponibilizando informação sobre o local de partida e de chegada, hora da viagem, custo e número de lugares disponíveis, ou apenas procurar boleia nos anúncios publicados.
Os principais trajetos das viagens disponibilizadas são em percursos de longa distância entre os grandes centros urbanos. A principal rota nacional é entre Lisboa e Porto. Já os ‘sites’ com boleias internacionais – www.blablacar.pt e www.viagensportostoes.org, oferecem também percursos entre as principais cidades europeias.
A viagem “nunca pode ser vista pelo condutor como forma de rendimento, os custos deverão ser sempre divididos”.
Idealizado por João Figueiredo, empresário de 24 anos, o ‘site’ www.umcoche.com surgiu a 11 de dezembro de 2013, para “ligar passageiros e condutores entre 12 cidades de Portugal: Porto, Lisboa, Coimbra, Aveiro, Braga, Vila Real, Viseu, Covilhã, Caldas da Rainha, Leiria, Évora e Faro”.
A ideia surgiu após a grande adesão que teve o grupo de boleias do Facebook “Porto-Lisboa e Lisboa-Porto”, com mais de 26 mil membros, criado em 2011, quando era estudante em Lisboa, pois “precisava de fazer viagens entre as duas cidades e não tinha dinheiro para transportes públicos”.
“Decidi criar um ‘site’ de boleias que ligasse não só duas, mas outras cidades de Portugal, as cidades mais universitárias, em que o principal público-alvo são os estudantes, mas que qualquer pessoa pode usar”, referiu.
Em média, por mês, são disponibilizadas 600 viagens no ‘site’ www.umcoche.com.
O ‘site’ www.blablacar.pt surgiu em França, em 2008. Em Portugal implementou-se em 2013, sendo “uma plataforma universal em que só muda o idioma”, disse o representante em Portugal, André Rodrigues Pereira, acrescentando que está presente em Portugal, Alemanha, Inglaterra, Espanha, França, Itália, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Polónia, Rússia e Ucrânia.
“Já somos mais de 8 milhões de membros”, disse.
Nuno Santos tem 29 anos e trabalha em Lisboa como engenheiro informático. Todos os fins de semana se desloca a Aveiro, onde tem a família e amigos. Para poupar na viagem, costuma oferecer boleia no www.blablacar.pt.
“É prático e é mais fácil de encontrar pessoas interessadas na boleia”, disse.
Entre as vantagens que encontra ao partilhar boleia sublinha a possibilidade de “conhecer mais pessoas e dividir os custos de uma viagem”.
“O risco de furto de veículo e de apanhar uma pessoa menos simpática”, são o reverso da medalha.
Em relação à segurança, os ‘sites’ de boleias possibilitam que os utilizadores avaliem o condutor ou os passageiros da última boleia.
Lusa/SOL