O recorde de A.J. Jardim

Os jornais informaram que Alberto João Jardim bateu há dias o recorde nacional de permanência no Poder, ultrapassando o anterior detentor do recorde, Oliveira Salazar.

Temos de reconhecer que, ao contrário de Salazar, de quem parece um admirador, Jardim sujeitou-se a eleições, e foi eleito. Também ao contrário de Salazar, pecava noutros aspectos éticos: ele refugiava-se na imunidade politica para não responder em tribunal, mas não perdia oportunidade de levar outros a tribunal; Salazar era avaro e rigoroso nas contas públicas, Jardim talvez o fosse apenas nas privadas, porque as públicas da Madeira estão no descalabro total.

Resumindo razões: eu, como republicano, só peço que o chefe do Estado tenha os seus mandatos limitados, para evitar perpetuações institucionais venais. No resto dos políticos, preferia não ver essas limitações impostas, mas apenas a Justiça a funcionar (o que, evidentemente, cá pelo menos, é pedir demais). Mas como se viu que o Estado não tem coragem para acusar Jardim, enquanto este está no Poder, talvez tenhamos de chegar a alguma forma de o afastar: nem que tenha de ser a limitação de mandatos.