Como se previa, será o italiano Matteo Renzi a desempatar o braço de ferro que a germânica Angela Merkel e o britânico David Cameron travam desde as eleições de 25 de Maio. De um lado estão os que defendem a escolha de Juncker, por respeito aos resultados eleitorais no Velho Continente. O antigo primeiro-ministro luxemburguês foi o candidato previamente apresentado pelo Partido Popular Europeu, que apesar das perdas manteve-se como principal bloco em Bruxelas.
Do outro, Cameron lidera uma facção que além de não gostar do apetite federalista de Juncker contesta aquilo a que chama de interpretação abusiva das novas regras. O Conselho é obrigado pelo Tratado de Lisboa a “ter em conta os resultados” das eleições europeias mas, ao contrário do que defendem os grupos parlamentares de Bruxelas, não está obrigado a escolher entre os candidatos escolhidos pelos partidos europeus.
Com o apoio anunciado de Suécia, Holanda e Hungria, bastava a David Cameron o voto do italiano Matteo Renzi para conseguir alcançar uma minoria de bloqueio, que exige um mínimo de quatro países e 35% de representação da população europeia.
E se na semana passada parecia que Renzi se juntava aos rebeldes na luta contra Juncker, agora surge um dirigente do Partido Socialista Europeu a anunciar que o primeiro-ministro italiano está disposto a apoiar o candidato do PPE caso receba garantias de que a próxima Comissão defenderá uma suavização das políticas de austeridade.
“Essa será a condição de Renzi para apoiar qualquer candidato”, disse Hannes Swoboda, o austríaco que lidera o grupo de socialistas e democratas no Parlamento Europeu. Van Rompuy, o presidente do Conselho que foi incumbido pelos 28 líderes de negociar tanto a escolha do futuro do Presidente da Comissão como a agenda de políticas para os próximos cinco anos, irá reunir-se com Renzi amanhã em Bruxelas.
Renzi aproveitará a reunião para vender a mudança de política que tem defendido em conjunto com o francês François Hollande, como um alargamento dos prazos para o cumprimento das metas do défice ou a promoção de políticas de crescimento e criação de emprego. E o Guardian garante que, na negociação das políticas para os próximos cinco anos, Rompuy deverá “incluir linguagem que permitirá a Renzi cantar vitória”.