O actual surto já provocou mais mortes do que qualquer outro desta doença, acrescentou outro funcionário da ONG. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o vírus ébola já terá levado à morte de 330 pessoas na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria
“As organizações internacionais e os governos envolvidos devem enviar mais peritos médicos para as zonas especialmente afectadas, bem como aumentar a divulgação pública das medidas de precaução para evitar a propagação da doença, afirma Bart Janssens, o director de operações dos Médicos Sem Fronteiras (MSF).
“É evidente que estamos perante uma segunda onda da epidemia”, diz, acrescentando: “E, para mim, está completamente fora de controlo”.
O vírus ébola, que causa hemorragias internas e falência de órgãos, dissemina-se por contacto directo com pessoas infectadas. Não tem cura ou vacina, por isso prestar cuidados paliativo aos doentes e isolá-los da população saudável, para tentar evitar a propagação do vírus, é a única forma de conter uma epidemia.
O actual surto de febre hemorrágica ébola teve origem na Guiné-Conacri no final do ano passado ou no início de 2014. Parecia estar diminuir mas o contágio acelerou nas últimas semanas, tendo alcançado, pela primeira vez, a capital da Libéria.
“Esta é a maior epidemia jamais registada, e com o maior número de mortes, por isso não tem precedentes” adianta Armand Sprecher, um especialista em saúde pública dos MSF.
Até ao momento, de acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), o mais mortífero surto de ébola era o primeiro registado: no Congo em 1976, onde foram assinaladas 280 mortes. Como a doença chega a áreas remotas e os primeiros casos por vezes não são diagnosticados, é provável que o número de mortos tenha sido superior.
Os múltiplos focos do actual surto e os seus movimentos inter-fronteiras tornam-no numa das mais “desafiantes epidemias de ébola de sempre”, lamentou no início da semana Fadela Chaib, porta voz da OMS.
AP/SOL