Ninguém tinha dúvidas de que o Banco do Regime, sempre colado ao Governo de serviço, sempre a fornecer-lhe membros, sempre envolvido nos negócios mais estranhos do Pais e do Mundo (da Rússia à China), tinha telhados de vidro, Quando, no auge da crise, e com a Banca toda descapitalizada, foi preciso recorrer a dinheiro do BCE intermediado pelo Executivo, percebeu-se porque o BES era o único em Portugal a dispensar a ajuda: todos os comentadores viram que a administração não queria nenhum administrador mandado de fora a vasculhar-lhe as contas, e preferiu seguir caminhos mais ínvios e difíceis. Ninguém duvidava que, com um olhar de fora metido lá dentro, Jardim Gonçalves, mesmo que fossem verdade todas as acusações que lhe fazem, seria um menino do coro comparado com Ricardo Salgado.
Mas finalmente, quando os próprios se desentenderam lá dentro, e começaram investigações externas (por exemplo, no Luxemburgo), o Banco de Portugal lá se remexeu um nadinha. Diz-se que forçou a saída de todos os membros da família Espírito Santo do Banco (os tais banqueiros, preparados desde sempre para o serem, que transformaram uma empresa desnacionalizada e descapitalizada no maior Banco privado do País) – mas aceita um estranho personagem sugerido por eles, seguramente envolvido em todos os negócios e operações menos claras deles, e ainda por cima arguido num processo de inside trading (por muito difíceis que sejam acusações nesta área): Amílcar Pires (nem sequer tem nome que dê credibilidade à actividade de banqueiro; não se imagina um banqueiro Amílcar, e ainda por cima Pires – passe a snobeira). Embora o Banco de Portugal tenha afirmado em nota que só se pronuncia sobre as soluções adoptadas pelo Banco depois de conhecer as decisões da Assembleia Geral de accionistas de 31 de Julho – sabe-se que as soluções foram negociadas já nesse mesmo Banco de Portugal, e se não têm o seu aval, presumem honestamente de o ter.
Definitivamente, os desígnios relacionados com este Espírito Santo são insondáveis.