Caso do Daniel poderá ter novos implicados

A Polícia Judiciária (PJ) do Funchal deteve no sabádo à tarde a mãe de Daniel, a criança agora com dois anos, que esteve desaparecida em Janeiro deste ano na Calheta, Madeira, por suspeita de envolvimento numa encenação de sequestro do próprio filho.

O Daniel não terá sido ‘raptado’ à porta de casa dos padrinhos, no sítio dos Reis Acima, Estreito da Calheta, mas terá sido entregue pela mãe, a alguém, ao fundo da rua.   

A tese ganha cada vez maior consistência depois dos últimos interrogatórios.

O SOL sabe que as relações entre os padrinhos e a família do Daniel já conheceram melhores dias sobretudo depois da mãe do Daniel, Lídia Freitas insistir junto das autoridades judiciárias que o enfoque das investigações deveria ser outro.

Lídia Freitas foi criada numa casa de acolhimento. Tentou dar um novo rumo à sua vida mas, segundo adiantou ao SOL uma antiga professora, não conseguiu ‘descolar’ do seu perfil de “aldrabona”.

Recorde-se que Lídia Freitas voltou a ser ouvida ontem à tarde nas instalações da PJ do Funchal, tendo posteriormente sido detida, constituído arguida e encaminhada para o Estabelecimento Prisional do Funchal, na Cancela, onde, nas instalações cedidas à PJ para detenções temporárias (num máximo de 48 horas) ficará a aguardar a apresentação ao juiz de instrução, esta segunda-feira, para conhecer as eventuais medidas de coacção a que ficará sujeita.

Não havendo perigo de fuga ou perigo de perturbação do inquérito, qualquer eventual medida de coação mais gravosa terá de basear-se em indícios muito fortes.

Na última sexta-feira a mãe de Daniel, conjuntamente com o pai da criança, Carlos Sousa, de quem se encontra agora separada, e com um outro homem com quem mantém agora um relacionamento, foram ouvidos durante várias horas pelos agentes da PJ.

Antes de ser interrogada pela PJ na sexta-feira, Lídia Freitas terá tentado estabelecido contacto com um jornalista mas o encontro não se terá realizado.

Só pelas duas horas da madrugada, Lídia Freitas e o ex-companheiro deixaram as instalações policiais rumo às suas residências, em viaturas separadas. O actual companheiro da mãe de Daniel havia saído horas antes com destino à sua residência, também no concelho da Calheta. Este novo companheiro será a terceira pessoa que a PJ confirma ter sido ouvido nos últimos dois dias.

Os últimos desenvolvimentos neste caso, nomeadamente o facto de Lídia Freitas ter saído de casa com os dois filhos, Daniel e Mariana, na passada terça-feira e apresentado queixa na esquadra da PSP da Calheta por alegada violência doméstica praticada por Carlos Sousa (desconhece-se se será outra encenação) levou a PJ novamente para o terreno, para efectuar novas diligências. Reuniu dados suficientes para proceder à detenção da jovem.

Refira-se que ao longo de todos estes meses, a PJ ouviu por diversas vezes os pais e os familiares mais próximos do Daniel, quer nas instalações do Funchal, quer nas residências destes, no concelho da Calheta.

Esta reviravolta do caso do menino da Madeira, deve-se a uma queixa por violência doméstica apresentada pela mãe, Lídia Freitas, de 24 anos, contra o agora ex-companheiro, Carlos Abreu Sousa, de 26.

O ‘Correio da Manhã’ avança na edição de hoje que os pais do pequeno Daniel teriam a intenção de vender o filho por 50 mil euros a uma família abastada.

Os próximos dias serão determinantes para perceber melhor do que efectivamente aconteceu naquela tarde de domingo, dia 19 de Janeiro de 2014o: se houve encenação de sequestro ou até mesmo um sequestro e que outras pessoas estarão envolvidas no desaparecimento da criança. Não está descartada a possibilidade de surgirem outras detenções nos próximos dias.

Quanto a Daniel e Mariana, filhos de Lídia Vieira, será o Tribunal do Funchal a decidir quem fica com a tutela dos menores. 

emanuel.silva@sol.pt