A Fare – organização contra a discriminação no futebol que a FIFA apoia – critica a decisão e diz que a Federação tem de estar preparada para tomar “decisões difíceis”.
O conselho disciplinar da FIFA anunciou esta segunda-feira que o cântico “não pode ser considerado insultuoso neste contexto específico”, rejeitando a acusação de “conduta imprópria” dos adeptos no jogo de 13 de Junho. Os mexicanos gritaram ‘puto’- que significa homossexual ou prostituto masculino, e é tradicionalmente entoado em jogos de futebol no México.
Além de ter instaurado este inquérito, a Federação Internacional de Futebol ponderou avançar com outro, pelas mesmas razões, mas desta vez também contra o Brasil, após o México x Brasil de 17 de Junho, em que ambos os adeptos trocaram o cântico entre si.
Quem não ficou satisfeita com a decisão do conselho disciplinar foi a Fare – Futebol Contra o Racismo na Europa, uma organização apoiada pela União Europeia, UEFA e FIFA, que considera que a decisão contradiz a opinião de peritos e o pedido de Sepp Blatter para que o Campeonato do Mundo fosse uma via para lutar contra a discriminação.
“Uma verdadeira tolerância zero contra todas as formas de discriminação significa que a FIFA tenha que tomar algumas decisões difíceis” considera Claudia Krobitzsch, coordenadora da Fare. "A longo prazo, é a única maneira de estabelecer uma liderança clara e lidar com um problema real no futebol." A Fare insiste que o cântico mexicano é ofensivo.
Recorde-se que a FIFA pode abrir processos disciplinares contra as federações nacionais, que são responsáveis pelo comportamento dos adeptos nos estádios.
Esta segunda-feira a Fare enviou à FIFA o registo de adeptos alemães, franceses e belgas com as caras pintadas de preto durante jogos. Denunciou ainda um adepto que invadiu o campo no Alemanha-Gana de sábado com referências “neo-nazis pintadas no corpo”.
No sábado, as imagens de pelo menos dois adeptos alemães que assistiam ao jogo contra a selecção africana com as caras pintadas de preto circularam nas redes sociais.
A FIFA fez saber que está a analisar estes incidentes.
No Europeu de 2012 a Fare foi convidada pela UEFA para controlar a discriminação no Campeonato da Europa e spotters da organização estavam entre os adeptos para ajudar a identificar demonstrações ofensivas.
A parceria levou a que várias das 16 nações que competiram no torneio fossem sancionadas por este tipo de abusos. A Croácia e a Rússia foram punidas repetidamente.
A FIFA não estabeleceu a mesma parceria com a Fare no Brasil, apesar de já ter agradecido o envio de provas – vindas de qualquer fonte – que sustentem os relatórios dos seus comissários de jogo.
SOL com AP