Um dos casos de sucesso é a HomeLovers, que divulga casas para arrendamento, venda ou investimento em quatro páginas diferentes – uma para Lisboa, outra para a Linha de Cascais e outras duas para o Porto e Coimbra. A ideia de Magda e Miguel Tilli, fundadores da marca, surgiu em Novembro de 2011 depois de terem tido uma má experiência com o franchising de uma imobiliária tradicional. “Surgiu por necessidade – uma vez que tínhamos perdido todo o dinheiro que investimos – e por não termos medo de arriscar”, explicou Magda Tilli ao SOL.
O essencial era arranjar uma maneira de arrancarem com um negócio sem que houvesse necessidade de grandes investimentos prévios: “Uma empresa a trabalhar exclusivamente em redes sociais consegue reduzir substancialmente as despesas mensais, uma vez que pode estar a trabalhar em casa, sobretudo numa fase inicial, dispensando custos extra de água, luz, internet, renda e deslocações até ao escritório. Além disso, considerámos que existia imenso potencial para explorar no Facebook”, afirma.
A HomeLovers, que utiliza também o Instagram e o Pinterest para divulgar a marca, as casas e as cidades onde está sediada, encara as redes sociais como as maiores mais-valias. “É uma ferramenta eficazmente directa e que consegue facilmente chegar a quem queremos que saiba da existência da nossa empresa ou do nosso produto”, considera Magda Tilli.
Os números de ‘likes’ nestas páginas têm vindo a aumentar: Mais de 132 mil pessoas ‘gostam’ da página da HomeLovers de Lisboa, mais de 17 mil são fãs da Linha de Cascais, outros 36 mil renderam-se à do Porto e a de Coimbra tem uns ‘meros’ 12 mil admiradores.
Na altura em que esta entrevista foi feita, a HomeLovers funcionava apenas através da sua página no Facebook. No entanto, há cerca de uma semana, a empresa decidiu lançar um site. Pode vê-lo aqui.
Dos Açores para o Mundo
A Menina do Feltro é outra página com muito sucesso no Facebook. É gerida a partir dos Açores por Joana Andrade, de 21 anos, mãe da pequena Inês, de 3, a principal fonte de inspiração para esta jovem desempregada.
“A ideia surgiu quando a minha filha nasceu e precisei de arranjar um trabalho para ajudar nas despesas. Sempre tive o gosto de criar ou reciclar alguns objectos, mas nunca tinha conseguido fazer disso um negócio”, explicou ao SOL. Em Abril de 2013, decidiu passar à acção e abrir uma página no Facebook. E aqui vende produtos para “crianças e bebés”, como bonecas e elementos decorativos para o quarto, e para os mais velhos, como capas para os telemóveis.
Num momento em que que já vende para outros países da Europa e para o Brasil, a Menina do Feltro não está nada arrependida de se ter ‘sediado’ nesta rede social, na qual conta com mais de 42 mil gostos: “É fácil manter o contacto com o cliente, conversar para combinar todos os pormenores e comprar materiais através de outras pessoas no Facebook”, relata Joana Andrade.
Passar do virtual ao físico
“Em 2010 comprei a minha primeira (e única) máquina de costura. A minha mãe foi modista a vida inteira e por isso cresci no meio dos trapos. Mas nunca quis aprender, até ser mãe e começar a ganhar curiosidade por algumas coisas. Fiquei uns meses só a olhar para ela e depois experimentei fazer umas coisinhas muito básicas, que fui aprendendo sozinha na internet”, contou ao SOL Débora Teixeira, mãe de duas crianças, nutricionista de formação e criadora da página ‘Mimices’, lançada em Abril de 2012.
Com a ajuda da sua mãe, Débora vende através do Facebook artigos “para enxoval de bebés, como porta-fraldas, porta-toalhitas, fraldinhas decoradas, babetes, toalhas de banho, slings”. Mas não só: existem também “Mimices para senhora”, como capas de livro, necéssaires, porta-moedas, entre outros produtos.
Este negócio já tem ajudado nas contas da casa: “Dá para pagar um ordenado à minha mãe e para a creche dos meninos”, revelou a criadora da página.
Com mais de 17 mil ‘likes’, cerca de “30 a 40 encomendas por semana” e uma carteira de clientes solidificada, Débora Teixeira achou que estava na altura de ‘dar o salto’ e abrir a sua própria loja na Castanheira do Ribatejo. “O Facebook permitiu-me montar um negócio a partir de casa, usar a minha casa como local de trabalho e armazém. A necessidade de ter um espaço aberto ao público surgiu quando já tinha uma boa carteira de clientes e queria dar início a outros projectos como workshops, por exemplo, ou ter mais espaço para material”.
Um doce online
Para além das meiguices de artesanato, existem também os mimos da doçaria. Um exemplo de sucesso é a página Bolos da Teresinha, dedicada à venda de delícias caseiras.
“Os Bolos da Teresinha são um hobbie. Sou técnica oficial de contas e os bolos são um escape… Faço bolos personalizados por encomenda. No fundo, juntei a decoração às receitas de lá de casa”, contou Teresa, a criadora da página, ao SOL.
O Facebook foi logo a ferramenta eleita por esta mulher para divulgar os seus trabalhos: “Como já conhecia a publicidade no Facebook, investi para ganhar novos clientes. Depois, através do ‘passa-palavra’, o negócio foi acontecendo”.
Com uma média de “3 a 4 bolos por semana” e mais de 19 mil ‘fãs’, Teresa sente-se muito satisfeita com o seu pequeno negócio, pois “os bolos são um hobbie, servem como distracção” e ainda trazem algum dinheiro extra.
Uma peça única no Mundo
Exclusividade absoluta. É este o lema da Twelve., uma página criada por Margarida Seabra onde se pode comprar peças únicas. “Olhando para os doze meses do ano, o objectivo é lançar colecções de produtos sempre diferentes, adequados ao mês em que a colecção é feita. Tento lançar colecções mensais, o que nem sempre é possível porque a sua preparação exige algum tempo”, explica ao SOL.
Ao contrário da maioria dos ‘negócios facebookianos’, na Twelve. não se fazem encomendas. Margarida faz entre 12 a 20 peças por colecção – “sacos, meias, vestidos, chapéus e turbantes, biquínis, sacos de praia, almofadas e paréos de praia e suspensórios” – e a grande maioria dos artigos “são vendidos poucas horas após” o seu lançamento, uma vez que só existe um exemplar de cada.
Tal como as histórias anteriores, a Twelve. funciona através do Facebook, “um grande aliado das vendas online”, disse Margarida ao SOL. “É uma óptima alternativa para quem não tem oportunidade de ter um espaço para uma loja, para além de que é um mundo em que a maioria do público-alvo da Twelve. está ligado”. No entanto, esta marca tem também uma página no Instagram, rede social através do qual divulga as suas peças.
Criado em Dezembro de 2012 e com mais de 3000 ‘gostos’, Margarida Seabra mostra-se entusiasmada com o futuro deste seu pequeno negócio: “Espero conseguir fazer com que a Twelve. cresça, ter a possibilidade de produzir mais e até, quem sabe, entrar noutros mundos. Tudo indica que o Facebook será um dos meios para que tal aconteça”.