A tendência é que os maços de tabaco se tornem genéricos, padronizados, que usem todos a mesma embalagem standard. Já é assim na Austrália desde Dezembro de 2012 – o primeiro país no mundo a adoptar tal medida antitabágica – e já é assim na Irlanda desde há duas semanas, o primeiro país europeu a dar o pontapé de saída na retirada da publicidade dos cigarros. Segue-se agora o Reino Unido, decisão que já foi aprovada pelo ministério de saúde britânico e que aguarda promulgação parlamentar.
Seja qual for a marca, a nova lei impõe que os maços tenham a mesma cor uniforme, um tom neutro ou ‘pesado’ (no caso da Austrália, por exemplo, é o verde muito escuro), que sejam ilustrados com imagens e avisos chocantes, relativos a anos de exposição ao tabaco, e que os nomes das marcas também apareçam uniformizados, com o mesmo tipo e tamanho de letra, mas sempre discretos no fundo da embalagem.
Mais do que a levar os fumadores a largarem o vício, o objectivo principal desta medida é prevenir o aumento de consumidores, sobretudo entre os jovens, declarando guerra ao marketing sedutor e atractivo apresentado nos maços. Já há muito que a publicidade ao tabaco, sob qualquer forma, é proibida na maior parte dos países da União Europeia. Assim, a indústria tabaqueira contava, em última instância, com os seus ‘packs’ para promover o seu produto.
Fonte da Philip Morris, uma das principais tabaqueiras do mundo, reconheceu mesmo que “o veículo de comunicação final com o fumador é a própria embalagem. Na ausência de quaisquer outras mensagens de marketing, as embalagens são a única forma de comunicar a essência da nossa marca”, lê-se num estudo divulgado pela Smokefree Partnership. Outro argumento das empresas tabaqueiras tem que ver com o aumento da contrafacção e do mercado clandestino que esta medida possa impulsionar.
Do outro lado da barricada, estão as autoridades de saúde pública. “O tabaco é um produto assassino e é errado que possa ser apresentado numa embalagem atractiva. Cada dia que passa sem que esta importante medida seja implementada, permite que a indústria do tabaco possa seduzir cada vez mais jovens a adoptar um hábito mortal”, disse ao Guardian Simon Gillespie, da Fundação Britânica do Coração.