O britânico David Cameron, que liderou a luta contra a nomeação do luxemburguês, forçou a votação de braço no ar na reunião entre os 28 líderes da União Europeia. Mas serviu apenas para mostrar o crescente isolamento a que o Reino Unido está sujeito em Bruxelas num momento em que pretende negociar a sua filiação europeia de forma a recuperar poderes para Londres.
“Este é um mau dia para a Europa. Arriscamo-nos a fragilizar a posição dos Governos nacionais, fragilizar o poder dos parlamentos nacionais e entregar novos poderes ao Parlamento Europeu”, afirmou Cameron à saída da reunião. O britânico defendeu durante as últimas semanas, que a escolha de Juncker como candidato do partido Popular Europeu é uma prática que rouba o poder de escolher o presidente da Comissão “ aos líderes democraticamente eleitos da Europa”.
Na saída da reunião, a vitoriosa Angela Merkel confirmou que os 28 líderes vão voltar a encontrar-se no dia 16 de Julho para decidirem quem ocupará os outros cargos de relevo na UE durante a legislatura que só termina em 2019. Nesse dia, em que o Parlamento Europeu votará o nome de Juncker no hemiciclo, o Conselho deve nomear as suas escolhas para a sucessão de Van Rompuy e para o cargo de alto representante da UE para as relações externas, actualmente ocupado pela britânica Catherine Ashton.
Durão Barroso, que liderará a Comissão até Outubro, já afirmou que vê em Juncker “um líder comprometido com uma experiência excepcional” e que fará “tudo o que poder para garantir uma transição sem sobressaltos”.
Passos Coelho representou a Espanha em Bruxelas
Na reunião que está agora a decorrer em Bruxelas já está presente Mariano Rajoy. O líder do Governo espanhol só chegou hoje à Bélgica, por ter optado por permanecer na cimeira da União Africana durante o dia de ontem. Segundo o El País, Rajoy terá delegado em Pedro Passos Coelho a posição espanhola durante o debate europeu que ontem decorreu na capital belga.
Explicando que ontem “não se deram debates cruciais”, o jornal escreve que o Governo espanhola “argumentou que a cimeira africana era estratégica, ao contrário da reunião informal que decorria em Bruxelas”.