A integração social e laboral dos elementos daquela etnia é o principal objectivo do curso, promovido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional.
O curso arrancou apenas em finais de Março mas já deu para Alexandra Monteiro concretizar o sonho, que sempre acalentou, de saber escrever o seu nome.
"Já sei escrever bem", garante, fazendo questão de o demonstrar, com visível orgulho, no quadro verde da escola.
Aprender a ler e escrever significou também um "salto" considerável na relação de Alexandra com o seu telemóvel.
Agora, como refere, já pode receber e enviar mensagens, sem pedir ajuda a ninguém.
Dinamizado pelo Instituto do Emprego, o curso, que decorre até inícios de Outubro, com aulas diárias, garante aos alunos que tiverem aproveitamento a equivalência à "4.ª classe", dotando-os ainda de conhecimentos na área da jardinagem, que podem ser decisivos para a sua inserção profissional futura.
Luís Mário, 25 anos, outro dos alunos, não fecha, de todo, a porta à possibilidade de o seu futuro laboral passar pela área da jardinagem.
"Pode ser, claro. Se houver trabalho nessa área, eu vou", atira, sem hesitar.
A vereadora da Educação na Câmara de Barcelos, Armandina Saleiro, sublinha a importância do curso para a integração social e laboral dos elementos daquela comunidade, acrescentando que o município apoia um programa paralelo para ocupação dos tempos livres dos filhos dos formandos, desenvolvido no Centro Escolar de Barqueiros.
O município tem apostado na integração profissional de alguns elementos desta comunidade, nomeadamente através da sua integração em Contratos de Emprego e Inserção, uma aposta que será reforçada no próximo no lectivo, com a inclusão de vários elementos da comunidade cigana em tarefas de apoio nos centros escolares.
"Tudo isto é bom para os pais, que assim obtêm a escolaridade que lhes pode abrir as portas do mundo do trabalho, mas também é bom para os filhos, que ao verem os pais na escola ficam igualmente motivados para prosseguirem os estudos e percebem mais facilmente que estudar é importante para o seu futuro", referiu.
No concelho de Barcelos, há três comunidades ciganas, num total de cerca de 250 pessoas, sendo a de Barqueiros a mais numerosa.
Barcelos tem ainda um mediador municipal, que faz a ponte entre os cidadãos de etnia cigana e o executivo camarário, para resolução de alguns problemas que afectam aquela comunidade.
"São problemas, essencialmente, nas área da educação e da saúde", revela Miguel Monteiro, o mediador municipal, que destaca ainda a importância de cursos como o que decorre em Barqueiros para ajudar a inverter os "altos" níveis de analfabetismo que reinam naquela comunidade.
Lusa/SOL