Festival de Almada aos 30

É já uma instituição do Verão. Até porque conta com 30 anos de história – e três décadas é muito tempo, sobretudo quando se fala de teatro. O Festival de Almada, que acontece entre 4 e 18 de Julho, vai já para a sua 31.ª edição. E está de boa saúde, apesar da turbulência que…

Rodrigo Francisco, que assumiu a direcção tanto do Teatro de Almada como do Festival, tem dado seguimento ao trabalho feito e, este ano, introduziu uma novidade na programação: 'O Sentido dos Mestres', um curso de Verão ministrado por um grande vulto do teatro. Este ano, caberá a Luís Miguel Cintra, o homenageado desta 31.ª edição do festival, tomar a palavra (de 7 a 11, na Casa da Cerca).

De resto, são 30 espectáculos que se traduzem em 70 apresentações que, como já vem sendo hábito, se estendem a Lisboa – a palcos como a Culturgest, o Maria Matos e o CCB, que se juntam a palcos de Almada como o do Teatro Municipal Joaquim Benite, o da Casa da Cerca, o do Fórum Romeu Correia e o do Pátio Prior do Crato.

A festa de Verão começa hoje,  com Orquídeas, espectáculo que marca o regresso ao festival do italiano Pippo Delbono (que aqui apresentou Êxodo, em 2006). Amanhã, sobe ao palco Branca de Neve, de Robert Walser, numa produção da Companhia de Teatro Contemporânea, encenada por António Aguiar, com Diogo Dória e Elmano Sancho. Oportunidade para ver também E se nos metêssemos ao barulho?! A arte de fazer da verdade uma arma manejável, que leva ao Pátio Prior do Crato os franceses François Chattot e Martine Schambacher (cujo espectáculo no ano passado foi eleito o favorito do público), a que se juntam Jean-Louis Hourdin e Christian Jehanin (tendo o espectáculo, como cúmplice, Benoît Lambert) , que numa mercearia ambulante vêm de Dijon para se indignarem perante a ditadura dos mercados. Amanhã, destaque ainda para Testamento, uma criação colectiva de She She Pop (e os pais dos actores) a partir de Rei Lear, de Shakespeare; Cais Oeste, de Bernard-Marie Koltès, encenado por Ivica Buljan, e Almada de Quarentena, de O Bando.

E isto é só o arranque, com muito mais para ver ao longo da próxima quinzena.  Nos internacionais, destaque para a estreia mundial de Paysage Inconu, do coreógrafo francês Josef Nadj, para  Macbeth a partir de Shakespeare, de Heiner Müller, encenado por Ivica Buljan,  para o ciclo O Novíssimo Teatro Argentino, e para A Reunificação das Duas Coreias, de Joël Pommerat.

E de Portugal, oportunidade para ver, ou rever, Íon, de Eurípides, Libretto, que junta o escritor Jacinto Lucas Pires e a bailarina e coreógrafa francesa Alma Palacios, Os Negros e os Deuses do Norte, criado por João Garcia Miguel, Os Lusíadas, ditos por António Fonseca, Ode Marítima, com encenação de Natália Luiza e interpretação de Diogo Infante.

rita.s.freire@sol.pt