O artista incitou hoje os convidados da inauguração da sua mostra "Os Nossos Sonhos Não Cabem Nas Vossas Urnas", no MNAC-MC, a participar numa ocupação pacifista da instituição.
"Estamos aqui em ocupação 'artivista' do Museu Nacional de Arte Contemporânea. Estamos a ocupar o Museu em defesa do Museu e não contra o Museu", disse o artista, na abertura da exposição, que procura demonstrar que o protesto político também é arte.
A acção de protesto é feita "em defesa do direito à Cultura", explicou à Lusa, Rui Mourão.
As pessoas, munidas de sacos-cama, como num acampamento, realizaram uma assembleia que votou pela continuação da sua presença nas instalações do museu, que se encontra fechado.
Numa sequência de diálogo com a assistência, o director da instituição, David Santos, disse que esta não era "uma acção correta" e afirmou que o artista tinha quebrado a confiança.
No início da sessão, o director do MNAC-MC dissera à Lusa que não estava a ver o seu museu ocupado. "Tratando-se de uma exposição de Rui Mourão, seria de estranhar que não houvesse nada", afirmou David Santos, enquadrando o protesto "numa reflexão que é absolutamente admissível e dentro de uma lógica artística".
Com a instalação multimédia "Os Nossos Sonhos Não Cabem Nas Vossas Urnas", o artista tem por objectivo demonstrar que as novas formas de protesto político, no espaço público, se cruzam de "forma significativa" com a arte.
No início da sessão, Rui Mourão exigiu "mais dinheiro para a área cultural, artística e patrimonial".
"Politicamente, enquanto público e enquanto criadores de cultura, estamos verdadeiramente indignados – muito indignados mesmo – com a desvalorização a que estão votados os museus, as bibliotecas, os arquivos, o teatro, o cinema, a dança, a ópera, as artes visuais, o património cultural deste país e a sua criação contemporânea", afirmou Rui Mourão.
A instalação multimédia de Rui Mourão, que vai ficar patente até 28 de Setembro, reúne dez "'performances artivistas' ocorridas em Lisboa entre 2009 e 2013, como uma única composição", e "metáfora da esfera pública", disse o artista à Lusa, quando da apresentação da mostra.
Lusa/SOL