Esta medida reflecte a crescente impaciência da Alemanha sobre a aparente impassibilidade dos EUA depois de um dos seus agentes ter sido apanhado a espiar um aliado próximo.
"O responsável pelos serviços secretos norte-americanos na embaixada dos Estados Unidos foi convidado a deixar a Alemanha", afirmou em comunicado o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert.
"O pedido ocorreu no âmbito de uma investigação que o Ministério Público Federal tem em curso, bem como das questões colocadas há meses quanto às actividades dos serviços secretos dos EUA na Alemanha", acrescentou.
"O Governo está a levar o assunto muito a sério", lê-se no documento, que afirma ainda que a Alemanha continua a contar com uma cooperação "estreita e de confiança" com os seus parceiros ocidentais, "especialmente com os Estados Unidos".
Washington não quis comentar directamente a decisão. Mas Caitlin Hayden, porta-voz da Casa Branca, disse que a relação com a Alemanha quanto a temas de segurança e serviços secretos foi muito importante para os Estados Unidos: "Mantém os alemães e os americanos seguros”.
“É essencial que a cooperação se prolongue em todas as áreas e, nos canais apropriados, vamos continuar a estar em contacto com o Governo alemão ", assegurou.
Pouco antes de a decisão ter sido anunciada, a chanceler Angela Merkel disse aos jornalistas que o seu país e os Estados Unidos tinham "abordagens muito diferentes" quanto aos serviços secretos. E voltou a reforçar a necessidade de maior confiança entre os aliados, posição que tem reiterado desde que no ano passado foram conhecidos relatórios da NSA sobre escutas ao seu telemóvel.
Nos últimos 10 dias, um homem foi preso e uma investigação foi desencadeada contra outro, ambos sob a suspeita de trabalharem para serviços secretos estrangeiros. De acordo com a imprensa alemã, suspeita-se que passaram segredos para os EUA.
Thomas de Maizière, o ministro da Administração Interna alemão, disse que o âmbito dos casos ainda não é claro, nem quem esteve envolvido. Mas avançou que decorrem negociações a vários níveis com os Estados Unidos.
"Se a situação não sofrer mais desenvolvimentos, a informação colhida por esta suspeita espionagem é risível", acrescentou de Maiziere, em comunicado. "Mas o prejuízo político que já causou é sério e desproporcionado", concluiu.