Os Artic Monkeys chegaram a Portugal – na sua sétima visita – dias depois de terem sido acusados de suspeita de evasão fiscal em Inglaterra, juntamente com outros músicos como George Michael e Katie Melua. Polémicas à parte, a banda subiu ao palco depois de uns Interpol que não entusiasmaram por aí além. Arrancando de forma avassaladora com ‘Do I Wanna Know?’ e ‘Snap Out of It’, o tema estava logo definido: os Artic Monkeys querem ser, e são, embaixadores do rock. Por ali há espectáculo, sem deixar de haver honestidade. Ainda assim, apesar de já não serem claramente uma banda alternativa, parece faltar um último passo para que atinjam aquela explosão que define as bandas para as massas.
Liderados pelo vocalista Alex Turner, estes ‘macacos’ viajaram pelo seu percurso musical, recolhendo gritos mais entusiasmados perante clássicos como ‘I Bet You Look Good On the Dancefloor’. Mas nem por isto o mais recente álbum AM deixou de ser recebido de braços abertos e, aliás, protagonizar a recta final de um concerto que encerrou com o já icónico ‘R U Mine’.
Mas os Artic Monkeys não foram os únicos responsáveis pela enchente deste primeiro dia de festival. Os Imagine Dragons, banda que se tornou conhecida do público ao ver as suas músicas servirem de fundo a campanhas publicitárias, arrastaram uma legião de (muito jovens) fãs, com ar de quem recebeu um bilhete como recompensa de uma boa prestação escolar.
De tal forma que, apesar de inicialmente programados para o palco Heineken, foram mudados para o palco principal. E a verdade é que não deixaram créditos por mãos alheias – ou, pelo menos, conquistaram os tais mais jovens… Sobretudo quando entoaram os seus hinos ‘Radioactive’ e ‘I’m on Top of the World’ – o que não deixa de ser irónico já que o tema serviu de banda sonora à mais recente campanha da Vodafone, concorrente directa da NOS, patrocinadora do Alive.
De destacar ainda Kelis que, competindo em simultâneo com os Artic Monkeys, se deparou com uma plateia praticamente vazia, mas chegou a ter momentos em que conseguiu fazer subir a temperatura no palco Heineken. Ainda assim, a autora de ‘Milkshake’ e ‘Trick Me’, temas carregados de ginga, pimenta e girl power, ficou a perder com a sobreposição de horários com os grandes cabeças-de-cartaz do dia.
O dia/ noite do NOS Alive não ficaria completo sem ficar a conhecer alguns dos amigos de Jamie XX, que há cerca de um ano organizou em Lisboa o festival Night + Day. O homem forte dos XX voltou a Lisboa mais uma vez para uma noitada com os seus camaradas musicais: Daphni (mais um alter ego de Dan Snaith, do projecto Caribou), Pearson Sound e Pantha du Prince, que durante a tarde já havia anunciado no seu próprio Facebook que “together we will leave time & space behind”. Tentaram, mas a verdade é que, em dias de enchente no palco principal, a zona Clubbing tem sempre uma inglória tarefa.
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