“Não se trata de comprar menos, porque sabemos que o índice de confiança do consumidor aumentou e as compras nas diferentes categorias de produtos têm subido. Tem que ver com uma menor valorização desta época específica”, justifica Mafalda Ferreira, docente de Ciências do Consumo no IPAM. Actualmente, enfatiza, as promoções são quase constantes, o que desincentiva a corrida aos descontos de outros tempos.
Em 2013, 8% dos inquiridos indicavam que não fariam compras no período promocional, enquanto, este ano, já 18% manifestam essa posição. Destes, cerca de metade explicam a sua opção por considerarem que os preços são pouco apelativos e outros 29% mencionam a falta de qualidade dos produtos disponíveis.
Há um ano, os principais motivos para não gastarem dinheiro nos saldos foram as razões económicas e a “confusão”. Ainda assim, o preço continua a ser o grande apelo para os que aderem.
Quanto a despesas nos saldos, 52% pretendem gastar menos do que no Verão passado, outros 42% desembolsarão o mesmo e 6% estão dispostos a investir mais. O intervalo entre 100 e 300 euros é o mais referido (55%). Há 3% que despenderão mais de 500 euros e 31% menos de 100.
Comparando com 2013, os consumidores estarão disponíveis para gastar mais, já que, no ano passado, 55% tencionavam ser mais contidos. E 48% situavam os gastos entre 100 e 300 euros. “Tem que ver com a maior confiança e com o sentimento global de retoma. As pessoas têm uma perspectiva mais positiva face à economia e às finanças pessoais”, nota Mafalda Ferreira.
Roupa, sapatos, livros e perfumes continuam a ser os artigos que os portugueses mais desejam comprar com descontos. Mas também já há quem refira produtos alimentares, devido à crise e à competição entre as redes de supermercados para captar clientes através de promoções.
“Referir a compra de produtos alimentares em promoções e saldos é mudar todo o racional em torno destes descontos, que estariam mais ligados a produtos supérfluos e que agora passam a ser valorizados nos bens de primeira necessidade”, analisa a docente.
A pesquisa mostrou ainda que 40% dos consumidores aproveitam os saldos para fazer compras para si, 36% revelam que vão adquirir bens para os filhos e 19% para o cônjuge.